domingo, 20 de dezembro de 2009

"500 DIAS COM ELA"

OS GAROTOS DETESTAM COMPROMISSO
AS GAROTAS ADORAM ROMANCES.
500 dias com ela.
“Rapaz se apaixona por moça que não acredita no verdadeiro amor.” É esta pequena e insípida frase que descreve o filme “500 dias com ela” nos jornais e no trailer que pode ser visto no youtube. Assisti ao filme há cerca de um mês. Começou estranho porque sinceramente não acreditava que a minha agradável companhia era um ser normal que perdia uma hora e meia de um domingo despretensioso encarando um blockbuster que estava na cara que seria “água com açúcar.”
Surpreendentemente, apesar de o enredo ser sim água com açúcar, o formato do filme, que contabiliza os 500 dias de conhecimento, paixão, diversão, descobertas, e até a inevitável desilusão, ou como queiram, a condição finita que insiste em permear tudo e todos destroçar o coração do mocinho da trama. É, ao contrário do que se imagina, ou alguém nos contou, ou vimos nas novelas das oito, das nove ou de qualquer horário (dependendo do Estado em que você more, no meu não temos horário de verão, logo, eu nunca sei que horas são na TV), deveria ser a mocinha, chorando e se descabelando porque o homem não quer ou tem medo de compromisso. No filme, não. Tudo bem, a personagem “Summer” é um verão mesmo.
Olhos azuis iluminados, uma auto-estima de dar inveja, mora sozinha, paga suas contas, mesmo que no filme seja vista na maioria das vezes tirando Xerox. E Summer desperta a paixão no rapaz sem graça, cujo nome da personagem eu não recordo e muito menos do ator de beleza inexpressiva. Ele era o apaixonado. Mas foi ela quem se ofereceu. E dá-lhe durante 500 dias: beijos, amassos, mãos dadas, confissões, inspiração (para o cara que escrevia cartões de datas comemorativas, ou algo assim) sexo no banheiro, cinema, exposições... Até que...
Ploft. Sem mais nem menos a tal da Summer começa a se sentir sufocada pelo protagonista sem sal. O cara acha que ela é a mulher da vida dele, mas ela começa a se sentir sufocada. O que aconteceu, catso!? Você, sentado na poltrona, com frio porque nunca se vai devidamente preparado para o cinema, (se você vai agasalhado de mais passa calor, de menos, fica procurando posições pra se esquivar do frio), se pergunta se dormiu em algum trecho de alguma cena. Como assim? A bonita não quer mais. Mas quer preservar a amizade. Ok.
O cara se desespera, chora, não toma banho, enche a cara, tudo isso que os apaixonados exagerados como ele e como a maioria de nós faria, quando escutam um “não dá mais.” Nada de mais até aí. Só que poucos meses depois o ex-casal fofo se reencontra.
E adivinhem? A Summer. A verão escaldante está NOIVA de outro cara. N-O-I-V-A. Redundante, o ex da Summer se sente o pus mais fétido de um furúnculo, mas a questão não é essa. Como a Summer conseguiu se apaixonar, e logo ser pedida em casamento por um cara mil vezes mais interessante que o protagonista do filme. E o cara se quer aparece. É isso. Ficamos imaginando como será este Deus Grego, inteligente, sensível e perspicaz que conseguiu seduzir a tal da Verão em míseros o quê... 60 dias?
Esses roteiristas devem fumar muita maconha mesmo. Mas calma. É filme esqueceram!?
Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência ou a mesma probabilidade de ganharmos uma bolada na mega-sena.
No final, Summer uma distinta senhora casada, parece mais chata e usa roupa de velha. O protagonista sem sal consegue uma reviravolta profissional e conhece uma gostosona já na entrevista de emprego. Ou seja... Mais 500 dias de agonia e de redenção.
Talvez eu não tenha feito jus ao filme. É legal. É fofo eu diria. Mas também é cruel. Não chorei na hora. Chorei depois que entrei no carro. Um choro inexplicável e incontrolável. Nada de soluços. Só incontinência lacrimal mesmo.
Um conselho: Não assistam a esse filme com namorado, ou namorada. O coitado (a) vai ficar sem entender por que diabos você está chorando. Será que ele fez algo? Disse algo? Olhou pra bunda de alguma mulher na fila da pipoca e você notou?! Nãaaaao.
O que me fez chorar no filme? Não sei se foi me projetar no cara rejeitado, que simplesmente não preencheu os pré-requisitos pra viver em constante verão. Ou a facilidade com que a Summer achou em uma livraria o amor da vida dela, lendo Oscar Wilde. Aliás, recentemente vi no site da livraria cultura uma edição bilíngüe do “O retrato de Dorian Gray”.
Fica a dica de presente de Natal.