Gente, não é só minha franja que
é desleixada. Eu assumo que ando muito negligente com o blog.
Tenho algumas novidades! No
último final de semana realizei um sonho pessoal bem antigo. Fui para Paraty no
litoral sul do Rio de Janeiro para a Festa Literária Internacional (FLIP).
Logo de cara perguntei pro meu “namorido”
se era uma espécie de Fashion Week
dos escritores e ele gostou tanto da definição que usou e abusou dessa
expressão nas palestras e entrevistas. Tudo bem, né. Ele pode!
A cidade é um encanto! Cheiro de
maresia, histórica, chão de pedras... o ruim é que não pode usar salto e às
vezes você anda igual ao Dr.House, num caminhar “tá fundo, tá raso”, entendem? Pois é, nós passamos apenas
o sábado lá, mas deu pra saciar a vontade de respirar aquela atmosfera.
Uma galera bonita nas
ruas, muita gente jovem, inúmeros pinguços (senti muito cheiro de cachaça), e
centenas de escritores batendo perna pra lá e pra cá.
Engraçado porque antes
de conhecer meu namorido eu sinceramente não achava que escritor tinha “cara”.
É, não me importava muito em conhecer mais sobre o autor do livro que eu estava
lendo, um puro ato de egoísmo já que essa relação leitor-escritor é uma
verdadeira troca de favores. Eles nos fazem viajar e nós os prestigiamos lendo
suas obras e os incentivando a continuar a escrever.
Lá em Paraty é tanta
coisa acontecendo ao mesmo tempo que você fica alucinado pra tentar acompanhar.
Eu só assisti um debate da FLIP e pelo telão porque a tenda principal já estava
lotada (um público de 3 mil pessoas!). Era o debate com uma escritora cubana
chamada Zoé Valdés que tem pouco mais de 50 anos e 24 livros publicados.
Para os escritores que
não são chamados para falarem na FLIP, existe a OFF FLIP. É um evento bem
menor, rola em bares, mas o clima é bem intimista. Foi na OFF FLIP que meu
namorido falou.
Esse ano a revista
Granta, uma revista britânica altamente respeitada no mundo literário fez um
concurso e elegeu os 20 melhores escritores brasileiros com até 40 anos.
Galera, isso foi o bafafá da FLIP.
Só pra esclarecer, meu
namorido nem se inscreveu (ele vai me matar) porque além de não concordar com
essa pretensão da Granta ele tem mais de 40 anos. :O
Dos 20 autores que foram
digamos que “condecorados” com essa honraria da Granta eu até hoje só conheço o
trabalho de uma escritora. Há dois anos
li o livro “Flores Azuis” da Carola Saavedra. Gostei, mas não acho que seja o
suprassumo da literatura e eu não daria de presente, por exemplo.
Meus comentários aqui
são puramente como leitora e eu não puxo a sardinha pro meu peixe não. O último
livro dele eu não gosto. É “O verso do cartão de embarque”. Já “O marido
perfeito mora ao lado” e “Fábrica de Diplomas” eu indico para todos que gostam
de ler e até pra quem não gosta, mas quer aprender a gostar!
NA FLIP eu comprei
“Sagrada Família” do Zuenir Ventura que eu AMO como se fosse meu avô e “Ai meu
Deus, ai meu Jesus” do Carpinejar que eu AMO como se fosse meu psiquiatra. Comecei
a ler o Carpinejar e esse livro merece um post só dele, porque o cara é muito
foda. Voltou com força total!
Enfim, A FLIP foi linda,
saber que tanta gente gosta, quer e luta pela literatura é uma grande
felicidade para uma filha de bibliotecária, esposa de escritor e repórter de TV
que quer aprender cada vez mais.
Eu posso estar com
cólica, ter sido demitida, levar um pé na bunda, perder uma liquidação, chorar
a morte de um ente querido. Mas quando começo a ler me sinto flutuar e vivo a
vida daquele personagem. E quem não gosta de deixar a vida um pouco de lado e se
transportar pra outro mundo, hein? É isso que a leitura faz comigo. Eu sou
abduzida. Um exílio espontâneo.
Abaixo alguns livros que
citei:
“Sagrada Família” do
Zuenir Ventura – Editora Alfaguara
“Ai meu Deus, ai meu
Jesus” Crônicas de amor e sexo do Fabrício Carpinejar – Editora Bertrand Brasil
“O Verso do Cartão de
embarque” do Felipe Pena- Editora Record
“O marido perfeito mora
ao lado”, Felipe Pena – Editora Record
“Fábrica de Diplomas”,
Felipe Pena – Editora Record
Revista Granta, V.9 – “Os
melhores jovens escritores brasileiros” – Editora Alfaguara
“Todo cotidiano” da Zoé
Valdés – Editora Benvirá