quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Em briga de marido e mulher...



Quem acompanha o blog sabe que eu sou apaixonada fã do Fabrício Carpinejar. O livro de crônicas “O amor esquece de começar” e o de poesia “Terceira Sede” são o suprassumo da literatura contemporânea na minha concepção.

Mas o Carpinejar anda muito marqueteiro pro meu gosto... Há tempos ele se relacionava com a psiquiatra e também escritora Cinthya Verri. Os dois formavam um casal “exemplo”, cheios de declarações de amor em público e o trabalho em parceria estava funcionando bem, tanto é que apresentavam um programa de rádio juntos, foram no programa do Jô Soares etc etc.

Como tudo nessa vida é finito, (já dizia minha mãezinha) os dois “de repente” se separaram. O Carpinejar anunciou o fato no facebook. Choro pra cá. Xingamento pra lá. Palpite que não acabava mais. Todas as leitoras apaixonadas fãs dele queriam meter a colher.

No começo eu não acreditei (sou jornalista e desconfiar é quase orgânico), mas com a proporção que o negócio tomou já estou apostando que isso foi golpe de marketing, e o relacionamento fatidicamente vai degringolar.

A Cinthya tinha(tem) um blog (www.matandocarpinejar.blogspot.com) e neste espaço ela publicava suas ilustrações e seus textos numa espécie de catarse para o ciúme. Eu visitei o blog várias vezes e me divertia pois ela escreve muito bem. Mas agora “as fãs” do Carpinejar criaram o “ressuscitando Carpinejar” para fazer um contraponto e elevar a autoestima do dito cujo.
Plágio? Falta de criatividade? Provocação?

Fala sério. Expor o relacionamento já é um troço arriscado. Agora deixar que milhares de leitoras metam a colher, o garfo, a faca e até o dedo na vida a dois é demais pra minha cabeça de bagre.

Tem cheiro de jogo de marketing barato. Se ficar comprovado, quem terá uma desilusão amorosa serei eu. Com o talento que o Carpinejar tem pra escrever não precisava disso... Os textos supriam tudo...

Bom, mas o meu post também é uma metida de bedelho, por isso é melhor eu cuidar do meu escritor antes que uma “maria-teclado” apareça por aqui...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A queda

 
Na semana passada viajei para Fortaleza-CE para a Intercom (Congresso Nacional de Comunicação). De avião do Rio de Janeiro até Fortaleza o trajeto dura mais ou menos três horas e meia. Aproveitei para ler o novo livro do Diogo Mainardi: “A queda, as memórias de um pai em 424 passos.”.
A obra me chamou atenção depois que eu assisti a uma entrevista do jornalista no programa “Roda Viva” mês passado.
Olhem só que coisa: eu comprei este livro numa livraria do Barra Shopping e comecei a ler logo em seguida. Mas a obra estava cheia de falhas. Várias páginas vieram em branco. Nítido problema de impressão da gráfica. Fui lá trocar e só depois de ter conseguido um exemplar novo e “correto” parei para analisar os fatos. O livro conta a história de Tito, filho de Diogo Mainardi que nasceu com paralisia cerebral. Ou seja, o menino tem um sério problema. O exemplar que eu comprara veio com “defeito” e eu me empenhei para trocá-lo sem pestanejar. Diogo não pôde “trocar” o filho. E ele conta exatamente esta história.
O texto é cheio de referências históricas. O garoto nasceu num hospital público de Veneza que se localiza no prédio da Scuola Grande di San Marco (1808). Vários personagens importantes tiveram ligação com esta construção como Napoleão Bonaparte que foi quem o transformou em hospital militar. O autor amarra outros nomes como Adolf Hitler que assinou um memorando autorizando a execução de recém-nascidos inválidos durante a Segunda Guerra. O filho dele se tivesse nascido na época, poderia ter sido vítima. O filho dele é vítima, mas não dos nazistas.
A criança teve paralisia cerebral por conta de erro médico. Apesar disso, em vários momentos da narrativa dá pra perceber que o jornalista se culpou por muito tempo. Ele assume que explorou a doença do filho nas colunas que escreve para a revista “Veja” e continua a explorar até hoje, basta ler o livro.
Assim que comecei a conhecer a história de Tito foi inevitável lembrar de outro livro que li e se chama “O filho eterno”. A obra-prima do escritor Cristóvão Tezza conta a vida de um pai com um filho que nascera portador da síndrome de down. As doenças são diferentes. As narrativas são diferentes. Os pais e os filhos são outros. Mas o que eu senti durante a leitura foi igual: medo. É uma situação angustiante. Acredito que só quem vive pode realmente julgar.
Na volta pra casa, depois do fim do congresso meu voo fez uma conexão em Campinas. O aeroporto é relativamente pequeno e enquanto eu esperava o avião vi uma movimentação grande perto de mim. Uma menina de aparentemente uns 16 anos gritava como se estivesse sendo espancada pelo pai. O pai na verdade, tentava acalmá-la para não “constranger” os demais passageiros. Percebi vários olhares que iam de pena à reprovação. É claro que me transportei de volta ao livro. Aquela jovem ao que tudo indica tinha paralisia cerebral. Uma doença, involuntária a vontade dela e dos pais.
Depois que ela parou de gritar, tudo voltou à normalidade. Mas será que somos normais mesmo? Quantas vezes não estamos doentes de preconceito, reservados em nossa individualidade, incapazes de um simples ato de gentileza dentro de nossa própria casa?
Uma das frases do livro “A queda” que mais gostei foi esta: “saber cair tem muito mais valor do que saber caminhar.”.
Eu antes de tudo preciso aprender a caminhar.