quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Eu nunca vou te abandonar



Para a minha leitora preferida...

Crônica não é conto de fadas, meu amor. A frase não é minha. Nem poderia ser. Eu queria que tudo fosse conto de fadas. Que a vida sempre terminasse com “e viveram felizes para sempre”. O clichê dos livros infantis, imortalizado pelo cinema e por nossos pais durante a infância, na beira da cama.
Mas não é. Crônica é crônica. Bem ou mal escrita. Publicada ou escondida. Escrita ou falada. Alguns episódios da nossa vida podem resultar em crônicas. E aqui eu penso porque usei a expressão “espisódio”. Estaria eu achando que a vida é um seriado? Ou pior... novela? Os personagens da minha vida são certamente mais marcantes do que qualquer um que já vi na TV.
Há alguns dias uma das minhas melhores amigas encarou uma tragédia hollywoodiana. Foi uma das dezenas de vítimas do acidente que aconteceu no bondinho de Santa Teresa do Rio de Janeiro.
Fraturas, marcas pelo corpo e mais profundas na alma. Dores que o tempo cuidará de amenizar e se Deus quiser quem sabe até apagar. Porém, a força da minha amiga diante do inesperado, do indesejado... está sendo algo comovente e exemplar.
Há três anos eu também fui vítima de um acidente. Que não foi provocado pela irresponsabilidade dos outros, como no caso de Santa Teresa, mas por mim mesmo. A dor não é menor. Aliás, a coisa mais inútil deve ser tentar medir tamanho de dor. É totalmente pessoal e intransferível. Não dá pra pedir pra ninguém sentir no seu lugar. Não dá pra cobrar força e nem exigir compreensão. No meu entendimento, dor não se entende. Dói pra caramba. Dói pra caralho. Dói físico. Dói emocional. Dói, mas passa.
Com essa amiga de infância, adolescência e juventude aprendi incontáveis lições. Mas dar valor à vida tem sido a mais importante delas.
Não é preciso ser forte o tempo todo. Ninguém quer que você não tenha medo. Não vão te culpar se você chorar. Pode chorar, se quiser. Se não quiser, pode também.
É só você lembrar que viver para si e para amar os que te amam vale muito à pena. Saber que nunca se perde tudo. O tudo também se transforma. E o que sobra é suficiente para seguir em frente e se reprogramar. Reinventar e reescrever. A crônica da vida. A poesia que é o amor. O conto de fadas que é a verdadeira amizade. A nossa viverá para sempre. Terá um “happy end”. Eu nunca vou te abandonar.