domingo, 20 de dezembro de 2009

"500 DIAS COM ELA"

OS GAROTOS DETESTAM COMPROMISSO
AS GAROTAS ADORAM ROMANCES.
500 dias com ela.
“Rapaz se apaixona por moça que não acredita no verdadeiro amor.” É esta pequena e insípida frase que descreve o filme “500 dias com ela” nos jornais e no trailer que pode ser visto no youtube. Assisti ao filme há cerca de um mês. Começou estranho porque sinceramente não acreditava que a minha agradável companhia era um ser normal que perdia uma hora e meia de um domingo despretensioso encarando um blockbuster que estava na cara que seria “água com açúcar.”
Surpreendentemente, apesar de o enredo ser sim água com açúcar, o formato do filme, que contabiliza os 500 dias de conhecimento, paixão, diversão, descobertas, e até a inevitável desilusão, ou como queiram, a condição finita que insiste em permear tudo e todos destroçar o coração do mocinho da trama. É, ao contrário do que se imagina, ou alguém nos contou, ou vimos nas novelas das oito, das nove ou de qualquer horário (dependendo do Estado em que você more, no meu não temos horário de verão, logo, eu nunca sei que horas são na TV), deveria ser a mocinha, chorando e se descabelando porque o homem não quer ou tem medo de compromisso. No filme, não. Tudo bem, a personagem “Summer” é um verão mesmo.
Olhos azuis iluminados, uma auto-estima de dar inveja, mora sozinha, paga suas contas, mesmo que no filme seja vista na maioria das vezes tirando Xerox. E Summer desperta a paixão no rapaz sem graça, cujo nome da personagem eu não recordo e muito menos do ator de beleza inexpressiva. Ele era o apaixonado. Mas foi ela quem se ofereceu. E dá-lhe durante 500 dias: beijos, amassos, mãos dadas, confissões, inspiração (para o cara que escrevia cartões de datas comemorativas, ou algo assim) sexo no banheiro, cinema, exposições... Até que...
Ploft. Sem mais nem menos a tal da Summer começa a se sentir sufocada pelo protagonista sem sal. O cara acha que ela é a mulher da vida dele, mas ela começa a se sentir sufocada. O que aconteceu, catso!? Você, sentado na poltrona, com frio porque nunca se vai devidamente preparado para o cinema, (se você vai agasalhado de mais passa calor, de menos, fica procurando posições pra se esquivar do frio), se pergunta se dormiu em algum trecho de alguma cena. Como assim? A bonita não quer mais. Mas quer preservar a amizade. Ok.
O cara se desespera, chora, não toma banho, enche a cara, tudo isso que os apaixonados exagerados como ele e como a maioria de nós faria, quando escutam um “não dá mais.” Nada de mais até aí. Só que poucos meses depois o ex-casal fofo se reencontra.
E adivinhem? A Summer. A verão escaldante está NOIVA de outro cara. N-O-I-V-A. Redundante, o ex da Summer se sente o pus mais fétido de um furúnculo, mas a questão não é essa. Como a Summer conseguiu se apaixonar, e logo ser pedida em casamento por um cara mil vezes mais interessante que o protagonista do filme. E o cara se quer aparece. É isso. Ficamos imaginando como será este Deus Grego, inteligente, sensível e perspicaz que conseguiu seduzir a tal da Verão em míseros o quê... 60 dias?
Esses roteiristas devem fumar muita maconha mesmo. Mas calma. É filme esqueceram!?
Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência ou a mesma probabilidade de ganharmos uma bolada na mega-sena.
No final, Summer uma distinta senhora casada, parece mais chata e usa roupa de velha. O protagonista sem sal consegue uma reviravolta profissional e conhece uma gostosona já na entrevista de emprego. Ou seja... Mais 500 dias de agonia e de redenção.
Talvez eu não tenha feito jus ao filme. É legal. É fofo eu diria. Mas também é cruel. Não chorei na hora. Chorei depois que entrei no carro. Um choro inexplicável e incontrolável. Nada de soluços. Só incontinência lacrimal mesmo.
Um conselho: Não assistam a esse filme com namorado, ou namorada. O coitado (a) vai ficar sem entender por que diabos você está chorando. Será que ele fez algo? Disse algo? Olhou pra bunda de alguma mulher na fila da pipoca e você notou?! Nãaaaao.
O que me fez chorar no filme? Não sei se foi me projetar no cara rejeitado, que simplesmente não preencheu os pré-requisitos pra viver em constante verão. Ou a facilidade com que a Summer achou em uma livraria o amor da vida dela, lendo Oscar Wilde. Aliás, recentemente vi no site da livraria cultura uma edição bilíngüe do “O retrato de Dorian Gray”.
Fica a dica de presente de Natal.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

“Você é o que você come.”


Você é o que você come.” Quem nunca leu esta frase em alguma revista especializada em estética e pseudo-saúde? Ou mesmo já ouviu esse clichezão de algum médico?
Pois bem, se eu sou o que eu como, ultimamente não estou muito bem. Pelo menos do ponto de vista do sabor. Sou uma fanática assumida por doces. Mas nas últimas semanas não consigo enfiar um mísero brigadeiro na boca.
Conhecida na redação por ter iniciado meus colegas repórteres, cinegrafistas e auxiliares a tomar o “chopp” de tapioca da D. Fátima, nem minha posição estou conseguindo manter.
D. Fátima, coitada, deve estar preocupada sobre o que houve “com a moça da televisão” que nunca mais apareceu por lá.
Simplesmente eu sou o que eu como. O doce pra mim representa felicidade, alegria, prazer, e eu estou desprovida dos itens acima, pelo menos no que diz respeito ao paladar.
Mas como tudo na vida tem um por que, e eu creio nas metáforas do cotidiano, uma intoxicação alimentar já me rendeu bons frutos. Tudo bem, a intoxicação não foi comigo, porém o afetado, ao passar por esta desagradável experiência acho que expeliu mais do que o indigerível poema de Augusto dos Anjos. Ele se livrou do medo, do preconceito, pelo menos naquele momento, conseguiu deixar tudo descer pelo esgoto.
Então, se dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, tomo a liberdade de tirar algumas conclusões:
1) Até os mais inteligentes erram duas vezes. Errar é humano, repetir o erro é falta de atenção, persistir no erro aí sim, é burrice.
2) Engulo sapos todos os dias, e os sapos são bem indigestos, mas o sal de fruta ou sal de frutas pode ser bem útil nesta hora.
3) Milagres acontecem quando menos se espera. Injeção de plasil ou amor verdadeiro, qual dói menos?
4) Mesmo nessa fase “amarga” estou tirando bons proveitos. Vou perder uns quilinhos, não dar chance a diabete e D. Fátima, já conseguiu seus clientes fieis, independente da minha presença.
Você é o que você come. Eu sou o que eu penso, e o que eu quiser ser. Alguém duvida?

domingo, 8 de novembro de 2009

HERANÇA

Herança. Aquilo que se herda. Herança também tem como sinônima hereditariedade. Transmissão dos caracteres físicos ou morais.
Herança de gente viva. Herança que vive dentro da gente. Herança que agora é vida. Tesouro do final do arco-íris. Recebi minha herança. Essa ninguém tasca.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CARPINEJANDO...




* FULMINANTE


Eu planejei não me planejar. Amor para mim é doideira, descontrole, soluço de árvore na estrada. Andar de cadarços desamarrados, levar os ciscos e as ervas para casa. Arrastar as folhas e o solo. Varrer a rua em direção a casa, em movimento inverso. Sujar a casa de mundo, de premência.
Invejo quem programa seu casamento com antecedência, com dois ou três anos de noivado.
Nunca fui assim, de fazer maquete, de brincar de casa de boneca, de planejar cada passo.
Família não é uma empresa. Fali na família antes de ganhar alguma coisa.
Invejo quem só casa após segurança financeira. Amor nunca me concedeu segurança.
Invejo quem condiciona o enlace a uma lua-de-mel no exterior. Que seja de cara, na saúde e na doença; de cara, na alegria e na tristeza.
Relâmpago não é tão bonito sem chuva. Relâmpago sem chuva pede esmola. Quero a chuva dentro do clarão, o marulhar das calhas, a água nas escadas das telhas.
Sou do amor fulminante, como um enfarte. De perder a razão. Casar na hora, em dias, esquecer que não era possível, esquecer as dificuldades, esquecer os entraves e pormenores. Não dar tempo para criar problemas. Não dar tempo para ponderar com opiniões dos próximos. Não aceitar conselhos de ressaca, decidir ébrio e arrepender-se amando. Ultrapassar-se.
Não sei como montei a minha casa. Amor junta os pertences, não reclama. Faz funcionar o que não existe.
Deixo a demora para Deus, sou mesmo apressado em mim para ser lento no corpo dela.
Invejo quem faz lista de presentes em lojas e recebe metade da casa mobiliada depois da aliança na mão esquerda.
A aliança nem conheceu a minha mão direita. Mal cumprimentou.
Não recebi nada que está em casa, não tive poupança, fundos de investimento. Recebo os amigos.
Sobrevivi, pois precisava. Não há desculpa para sobreviver. Invejo quem premedita o casamento, conhece os pais dela devagarinho, faz as reivindicações antes do contrato, briga por teimosia e capricho pelo tom das paredes e marca dos ladrilhos. Que escolhe a cor do cachorro para combinar com o capacho. Eu não consigo.
Caso para quebrar as regras, para me aproximar no ato, para não deixar o inferno dourar a pele.
Entro no primeiro apartamento e fico. Os livros já são estantes. Ponho o colchão no chão e subi devagarinho com os meses.
Caso rápido porque nunca fui sozinho dentro de mim, porque a saliva é água potável, porque amor é urgência.
Ajeita-se a vida como pode. Um dia a menos não será depois um dia a mais.
Caso em segredo, a dois.
Beijo tem muito despudor para ter medo.
Não me exibo, caso.
Não faço futuro, caso logo para fazer passado.




*Fabrício Carpinejar




"A primeira página dele que li foi uma identificação por toda vida, e quando tinha terminado a primeira peça, fiquei como um cego de nascença a quem um gesto milagroso dá, num instante, a visão. Reconheci, senti vivamente a minha existência expandindo-se numa infinidade, tudo era novo, desconhecido, e a falta de costume com a luz me fazia doer os olhos. Lentamente fui aprendendo a ver, e, graças ao meu gênio de reconhecimento, sinto sempre mais vivamente aquilo que ganhei." Este foi um trecho escrito por Goethe quando conheceu e começou a ler Shakespeare.


Sei que muitos me condenarão, julgarão, mas aqui não me proponho a fazer comparações, simplesmente compartilho deste sentimento tão nobre e necessário para mim e que é premissa para despertar paixão: a ADMIRAÇÃO.




Portanto, minha humilde homenagem à este poeta e escritor gaúcho que aprendi a admirar através dos olhos de uma outra alma generosa que cruzou meu caminho. Quem vai e quem fica? Não sei. Mas Carpinejar, fica. No meu coração aquecido por suas palavras mordazes e doces que me acarinham nos momentos mais oportunos e inoportunos também!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aviso aos desavisados...


Por que as pessoas se incomodam tanto com a vida alheia? Pergunta difícil de responder, eu sei. Mas tenho notado como causa inquietação em algumas pessoas saber, simplesmente que o seu colega de trabalho, a menina que você estava acostumado a ver no horário nobre da academia, ou aquela pessoa que nunca resistiu a uma picanha suculenta, simplesmente mudou de hábitos. Mudou de idéia. É, baby... evoluiu.
Eu não posso mudar de idéia? Posso sim. E mudo. Se eu sei que fumar é uma merda, sempre me deixou mais ansiosa do que tranqüilizou e meus dedos e cabelos ficavam fedidos, eu não posso ter decidido largar esse vício babaca? Decidi. E larguei. Mas tem gente que insiste em perguntar com um tom incrédulo e até sarcástico “Ah, parou de fumar é? Não acredito.” Parei porra. E daí?

Outra coisa, ninguém acredita que eu coma salada todos os dias. Como SIM. Desde os 13 anos de idade. E sabe de uma coisa? Eu A-D-O-R-O. Eu me delicio com um prato colorido à minha frente. Me faz bem em todos os sentidos. E as pessoas insistem em achar que aquilo está sendo um suplício pra mim. Ledo engano.
Tenho me dedicado mais às leituras. Sou filha de bibliotecária. Minha infância tem fatos marcantes de brincadeiras de esconde-esconde entre as estantes do colégio, depois que minha aula acabava, mas o expediente da minha mãe se estendia. Eu sempre gostei de ler. Ganhei alguns prêmios escrevendo redações e contos. Tenho aqui guardados em casa. Em um momento rebelde e de tentativa de afirmação na fase adolescente, deixei isso de lado, confesso. E aí? Não posso retomar hábitos antigos que tanto me faziam e voltam a fazer bem? Claro que posso.

Vida social em baixa é o cacete. Minha vida social está mais em alta do que nunca. Tenho conhecido pessoas interessantes, que muito tem contribuído no meu crescimento pessoal e intelectual. Conversa fiada de bar? Adoro. Só que tem que ser com as pessoas certas. Minhas amigas de preferência com quem eu posso falar o que quiser, sem medo de ser julgada ou ter alguma frase distorcida mais adiante. E as minhas amigas são as mesmas desde o ano 2000. De nove anos pra cá, não angariei uma nova amizade. Não porque não quisesse. É difícil demais encontrar amizades verdadeiras e desprovidas de ciúmes e picuinhas. Com mulher então? Prefiro nem comentar.

Um homem pra chamar de meu? Eu posso até chamar, se ele vai atender é outra história. Chega de ficar gastando energia em relacionamentos egoístas. Cansei. O que passou foi lindo. Me fez chegar mais forte e madura até aqui. Mas eu gosto de inovar. Receita de bolo não serve. É tão romântico chorar e sofrer por amor... Eu juro que já achei isso. Que meu jeito Cazuza de ser era a prova de que sou uma mulher intensa. Porra, o cara morreu de AIDS né? E cedo pra caralho. Nãaaao. Quero viver muito. Viver bem. Ficar velhinha ouvindo músicas nostálgicas e usando batom.

Então galera, a parada é a seguinte: mudei. Mudei de idéia. De hábitos. De emprego. De corte de cabelo. Mudei de horário na academia. Estou provocando evoluções e revoluções em mim todos os dias. Não pretendo levar ninguém junto comigo. O processo é contínuo, pessoal e intransferível. Só respeitem. Aplaudam. Vaiem. Só não invadam meu espaço. Porque uma coisa eu não vou mudar nunca: sempre serei estranha. “Faz parte do meu show...”

domingo, 30 de agosto de 2009

Plano

Plano *
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o pudéssemos beber de um trago. No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca. Pergunto onde está a transparência do vidro, a pureza do líquido inicial, a energia de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez, esperando que o tempo encha o copo até cima, para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
*Nuno Júdice

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Da utilidade da poesia


Da utilidade da poesia - Elisa Lucinda

Talvez a poesia seja pioneira no setor de “auto-ajuda”, antes de haver editorialmente este termo. Desde adolescentes colecionamos versinhos de diversos autores em agendas e, muitas vezes, dizemos deles: “Esse verso sou eu! Parece que ele me conhece!”. Outras vezes um verso salva uma pessoa, noutras, muda uma vida ou várias. A poesia sofre de discriminação, preconceito e de desprestígio por parte de livreiros, editores e conseqüentemente do público a quem não é oferecida esta pérola de forma atraente. Ora, se a poesia está na fala das crianças (A lágrima é mágoa da água), nos provérbios populares (Quem não vive para servir não serve para viver / O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva), nas cartas dos apaixonados (Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure), nas folhinhas dos calendários (Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas), nas letras de música (Se eu quiser falar com Deus tenho que folgar os nós das gravatas, dos sapatos, dos anseios, tenho que esquecer a data, tenho que perder a conta, tenho que ter mãos vazias, ter a alma e o corpo nus.), nos sermões religiosos (Não diga a Deus o tamanho dos seus problemas, diga aos seus problemas o tamanho do seu Deus). Pois bem, se ela está em toda parte, por que não vende? Por que é considerada menor? Arrisco em dizer que a gênese dessa dificuldade de circulação da poesia esteja no ensino básico onde a criança é apresentada ao poema e o professor (salvo raras exceções) não sabe lê-lo. Vou dar um exemplo no fragmento do poema de Manuel Bandeira:
“Teu corpo de maravilhasquero possuí-lo no leitoestreito da redondilha.”
Infelizmente, algumas vezes pude assistir esses versos sendo lidos dando uma pausa no “leito”, separando bruscamente o adjetivo “estreito” que dá qualidade ao “leito”, se falado junto. Porém, quando os separamos criamos um discurso doido que suspende qualquer entendimento lógico.
Tenho dedicado minha vida à difusão da poesia em todos os meios de comunicação para todos os públicos e idades. Coleciono uma série de exemplos que comprovam, não só a utilidade, mas a necessidade da poesia no mundo; me lembro do ano passado, durante o Fórum de Cultura em Barcelona, quando uma senhora me disse que tinha trocado suas pílulas antidepressivas por uma dose diária do meu espetáculo poético “Parem de falar mal da rotina”. De outra vez uma senhora aluna minha de oitenta anos, Dona Elza, me disse que havia perdido um neto e nem tinha tido espaço pra sofrer por se sentir na obrigação de consolar a filha no seu desespero atroz; certo dia Elza, ao entrar na livraria, abriu, por curiosidade, um livro de Carlos Drummond Andrade e se deparou com um poema que ressignificava o conceito da palavra ausência dizendo que ausência é não uma falta, mas um excesso de presença do objeto amado. De alguma maneira esse pensamento aliviou o coração da avó e curou a depressão da mãe. D’outra vez um jornalista de uma grande revista brasileira me ouviu dizer um poema meu que se chama “Libação”, cujos versos finais mudaram sua vida:
“A vida não tem ensaiomas tem novas chancesViva a burilação eterna, a possibilidadeo esmeril dos dissabores!Abaixo o estéril arrependimentoa duração inútil dos rancoresUm brinde ao que está sempre nas nossas mãos:a vida inédita pela frentee a virgindade dos dias que virão!”
Pois ao ouvir essas palavras, Leôncio refletiu sobre sua carreira e admitiu que se considerava um embuste como jornalista e que poderia viver sendo mais honesto com os seus sonhos. A partir daí e na mesma semana, mesmo indo contra seus familiares, pedira demissão dos seus vinte anos de revista “Veja” e com o dinheiro recebido abriu uma livraria chamada “Esquina da Palavra” que era o seu sonho desde menino e da qual sou madrinha a seu convite; o batizado, eu nem preciso dizer, foi um recital.
Há um poema (Choro à capela) de Adélia Prado que também produz milagres:
“O poder que eu quisera é dominar meu medo.Por esse grande dom troco meu verso, meu dedo,meus anéis e colar.Só meu colo não ponho no machado,porque a vida não é minha.Com um braço só, uma só perna,ou sem os dois de cada um, vivo e canto.Mas com todos e medo, choro tantoque temo dar escândalo a meus irmãos'.
O primeiro milagre (que eu saiba) que esse poema operou foi com uma aluna que o estudou durante um workshop para professores em Recife. Depois que Marina, essa professora simples da escola pública da zona rural pernambucana, disse esse poema de cor, nervosa e emocionada, mas muito bem dito, para uma platéia de mil pessoas que a aplaudiu de pé, recebi uma carta sua que dizia mais ou menos assim:
“Elisa, foi uma experiência maravilhosa esse curso para mim, depois daqueles três dias mágicos estudando um poema mágico e conhecendo outros, passei a ver poesia em tudo: no pão quentinho nas mãozinhas dos meus filhos pela manhã, na alegria dos meus alunos, no vento da tarde, e tirei da minha vida tudo que não é poesia. O primeiro a sair foi meu marido. Obrigada por tudo.”
Depois, em outro workshop no interior do Rio de Janeiro, veio falar comigo uma aluna, Ivone, que nos seus trinta e cinco anos exibia dedos das mãos e dos pés entortados por um processo de artrose cavalar. Pois na hora da escolha de poemas ela se aproximou de mim particularmente e disse que havia me visto dizer um poema na TV e que deu vontade de saber um poema de cor para experimentar da mesma sensação que ela experimentara ao me ver, só que no papel de dizedora. Ivone, no entanto, revelou não saber que poema escolher, uma vez que seu dilema era a triste doença que aleijava sua juventude a passos largos. Ela então me perguntou o que eu faria se estivesse em seu lugar. Respondi que a achava muito corajosa e que se eu tivesse os dedos tortos, a princípio tentaria escondê-los por vergonha. Mas que ela, ao contrário, trazia as unhas muito bem feitas, pintadas de vermelho e os tortos dedos cheios de anéis, e que, além disso, maior defeito físico era o medo, que paralisava pessoas não portadoras de nenhum defeito físico e que, no entanto, não estavam ali, bravamente como ela. Sugeri o “Choro à Capela” e Ivone o abraçou com unhas e dentes e, no segundo dia do curso, voluntariamente, foi a primeira a apresentá-lo, memorizado, emocionando a todos, toda linda de dentro dum vestido colante de oncinha. Ivone casou logo depois com um dos que a viram dizer esse poema nesse dia. Há dois anos fui convidada a jantar com meu grande amigo ator, autor de telenovelas e diretor de teatro, Miguel Falabella. Na ocasião ele me falava que havia perdido o pai que tanto amava e por isso, obviamente estava muito triste. Lembrei-me então de outro poema de Adélia chamado “Leitura”:
Eu sempre sonho que uma coisa gera,nunca nada está morto.O que não parece vivo, aduba.O que parece estático, espera.”
E assim seguiu o nosso jantar “poético”, porque ao final de cada tema de nossas vidas e de nossos assuntos, eu tirava da manga um poema oportuno. Foi quando ele me disse que aquilo exercia nele uma maravilha curativa sem medida e que eu deveria criar postos de “Emergência Poética” pela cidade do Rio de Janeiro, onde moramos, para que as pessoas pudessem apresentar seus problemas e ter a solução prescrita em versos.
Meus amigos, a poesia é uma jóia como gênero e não está abaixo e nem acima de nenhum outro. Tem o poder de ser ambulante, de poder andar no bolso, no coração, na sala de aula, entre amantes, no meio de uma sedução, no meio de uma tese, no meio de uma palestra, num julgamento, num programa de TV, num passeio, num churrasco, numa canção, num teatro, numa festa, e merece atenção e tapetes vermelhos por parte dos profissionais de literatura.


*Texto da jornalista, atriz, cantora e poetisa Elisa Lucinda.

domingo, 16 de agosto de 2009

O meu "Eu lírico" mora ao lado...



Estou me preparando para receber o amor da minha vida. Não, ainda não o encontrei. Muito menos tenho algum palpite sobre de onde ele vem. Mesmo assim estou cuidando de mim, para que ele me reconheça e me encontre sem grandes esforços. Não consigo elencar os pré-requisitos ou descrever suas peculiaridades. Mas sei que muito temos em comum. Ele vai se surpreender com a minha sensibilidade e o gosto que ando desenvolvendo pelas artes. E não faço por causa DELE, obviamente os méritos são meus, mas vou poder dividir com ele, e nos apreciaremos mutuamente.
Vamos ler poesias de Baudelaire em plena quarta-feira à noite. Até lá meu francês estará muito mais avançado, provavelmente eu já terei concluído o curso e até já tenha praticado e feito biquinhos in loco. Tudo bem se ele não tiver divido este momento comigo, afinal carregaremos os dois um passado que não será um fardo ou mesmo fonte de ciúmes bobos. Poderemos falar de passado sem grilos e também sem grande aprofundamento, afinal nosso objetivo maior será curtir nosso presente, adubando a terra para o futuro.
O meu amor deverá ter alguns ou muitos cabelos brancos. O cabelo branco pra mim sempre foi um fetiche, um charme, um mistério a parte. Mas tenho certeza que os poucos ou muitos cabelos brancos que ele ostentará não serão tão e unicamente fontes de preocupações excessivas. Claro, o meu amor vai ser um homem preocupado e exigente, mas não terá pautado suas conquistas e experiências apenas em conceitos mercantilistas e de mais-valia.
O amor da minha vida não vai se apaixonar quando me vir de costas. Sou heterossexual, logo é claro que o meu amor é um homem, macho, viril e lascivo. Mas ele não irá “prometer amor eterno em troca da bunda imediata”. Provavelmente ele notará minha presença ao ouvir minha voz, que até o dia do encontro já estará bem mais grave graças aos encontros semanais a que venho tendo com a fonoaudióloga desde agora. A voz grave é para envolver o telespectador, dar o tom sério e verdadeiro para minhas matérias, tirar um pouco da subjetividade da idade, porque a minha pessoal é inviável que não exista. Então tudo de bom que estou agregando para minha vida profissional e pessoal desde hoje, de alguma forma me ajudarão a ser mais atraente para o amor da minha vida.
Nossas estaturas se equivalerão. Ou ele até poderá ser uns centímetros mais baixos ou mais altos. O importante é que ele sempre crescerá nos momentos necessários. Vou poder usar salto alto sem me envergonhar, ou ficar desengonçada. Afinal o amor da minha vida vai saber exatamente o meu verdadeiro tamanho, e ele vai sempre me lembrar que este não se mede pelo sistema tradicional vigente.
Voltando para este momento que precede o encontro, minhas metas a curto e médios prazos envolvem muita leitura, afinal meu amor é um homem inteligente e nós precisaremos nos entender, mesmo sabendo que seu caráter não é de alguém que menospreze ou se vanglorie de ter mais conhecimento e experiência. Também estou apurando meus gostos musicais, apesar de não me importar nenhum pouco se ele não partilhar de tudo comigo, já que seremos dois, com nossas individualidades preservadas, e este será um dos pontos que nos ligarão mais intensamente.
E alguns segredos que não posso revelar. Mandingas especiais reservadas só para ele. Vai que o amor da minha vida entre no meu blog, mesmo sem me conhecer ainda, mesmo sem morar na mesma cidade que eu, mesmo se ainda estiver se iludindo achando que está vivendo um amor, enquanto eu estou me preparando para encontrá-lo? Melhor não arriscar.
Num domingo como esse, eu e o amor da minha vida poderemos estar conversando sobre a noite do sábado anterior, ou quem sabe estaremos em alguma sala de cinema curtindo um programa clássico de casal, mas nem por isso menos agradável. Ou ele pode estar lendo, vendo TV (obviamente não será nada na TV aberta, não consigo ser tão romântica), e eu estar contemplando sua presença.
Não tenho a pretensão de conhecer as peças que a vida nos prega. Pode ser que o amor da minha vida se antecipe e resolva aparecer antes de eu me sentir devidamente preparada para recebê-lo. Mas, aí ele vai ser paciente e me ajudar a enxergar muito mais coisas que hoje ainda não vejo. Só que neste período da minha vida, estou vivendo relações poligâmicas. A cada dia me envolvo com um. Até reencontrei antigos amores. Fernando Sabino, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Oswald de Andrade, Leminski, Cecília Meireles (sem rótulos ok?), Affonso Romano de Sant’anna, Patativa do Assaré, Carpinejar, Oscar Wilde, Nelson Rodrigues, Olavo Bilac, Baudelaire e muitos outros que não ficarão chateados de não serem citados, pois sabem que a relação por aqui é comensal mesmo. Eles são os tubarões e eu sou a rêmora. Só que com o amor da minha vida, a relação será simbiótica. E para terminar o desabafo do momento “eu lírico” que vivencio não poderia deixar de falar sobre o meu primeiro amor. Não é o que eu aguardo, e não haverá jamais ciúmes entre os dois. É clichê, mas O PRIMEIRO, a gente nunca esquece. Pode lembrar porque foi bom, porque foi ruim, ou simplesmente, diferente. O meu primeiro me ajudou a não me perder, e hoje nos nossos reencontros eventuais, sempre me “arrupio” quando o leio, pois foi aqui que toda a minha sensibilidade poética começou. Então para você, Casimiro de Abreu, a citação da minha primeira vez:
“Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sobra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!”

sexta-feira, 29 de maio de 2009


VALORIZO A ELEGÂNCIA DO COMPORTAMENTO..."É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.É possível detectá-la em pessoas pontuais.Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete.É elegante não ficar espaçoso demais.É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer... porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.É elegante retribuir carinho e solidariedade.É elegante o silêncio, diante de uma rejeição...Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. É elegante a gentileza.Atitudes gentis falam mais que mil imagens... Abrir a porta para alguém é muito elegante... Dar o lugar para alguém sentar... é muito elegante... Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem para a alma... Oferecer ajuda... é muito elegante... Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante...Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo."


Texto retirado do profile da linda Isabella Vorcaro, uma das mulheres mais elegantes que já conheci.


Eu amo pessoas gentis e elegantes, as pessoas bonitas até podem chamar atenção em um primeiro momento, mas palavras ditas em desacordo, de maneira rude e grosserias me causam verdadeiro PAVORRRR.


Sejamos elegantes minha gente...


Bjs e ótimo final de semana

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Lágrima frouxa


Porquê as mulheres choram? Já li um livro que tentava explicar, não lembro mais os motivos expostos lá, mas me pergunto porque EU choro tanto.

Conscientemente eu sei que chorar por conta de alguém, só afeta a mim mesma. Sim porque eu me fragilizo, aumento as chances de rugas precoces, amanheço com o rosto deformado de inchaço e ainda posso pegar um resfriado.

Mesmo assim ainda não aprendi a deixar de chorar. Eu choro em filme triste, choro em música romântica, choro na missa, choro quando brigo com alguém, choro se não reconhecem meu trabalho, mas o choro mais dolorido é pelo amor romântico.

E homem odeia mulher que chora, já perceberam? Não adianta achar que o choro vai comover o guri porque eles não se comovem, pelo contrário, ficam com raiva, te acham passional, melindrada e por aí vai...

Então porque droga eu choro por causa de alguém que não merece meu choro?!

Odeio ser passional, mas se eu fosse racional nas coisas do coração, acho que ficaria sozinha para sempre. Porquê usando a razão, você vai ficar buscando a figura ideal pra estar do seu lado, e essa figura definitvamente, não existe!

Aí eu choro, fico na fossa, por causa de uma resposta atravessada, de um mal-humor que eu não tenho responsabilidade, da falta de uma palavra de carinho...

Mas como eu vou mudar? Minha esperança é que as lágrimas sequem...ou que quem eu amo tente se esforçar pra não me fazer mais chorar...:~(

terça-feira, 31 de março de 2009

MEDO


Do que você tem medo? Eu tenho medo de perder quem eu amo. Tenho medo de doenças incuráveis. Tenho medo de esquecer boas lembranças. Do que você tem medo?
Muita gente não assume que tem medo. Acha que o medo é sinônimo de fraqueza. Então, do que você tem medo? De ser fraco? De ser humano? De se entregar? Eu tenho medo de assalto. Tenho medo de cobras e insetos venenosos.
Eu não tenho medo de acreditar nas pessoas. Não tenho medo de correr riscos. Não tenho medo de demonstrar que posso ser frágil, insegura e me sentir triste sem nenhum motivo às vezes.
Mas eu tenho medo de velocidade, tenho medo de não poder ter filhos e tenho medo de decepcionar quem acredita em mim.
O medo faz parte da nossa vida. Ele não é algo de todo ruim, só mesmo quando ele paraliza e não nos deixa seguir em frente. Então do que você tem medo? Tem medo de sentir medo? É...as vezes eu também tenho. Mas o medo existe, e ele é bom e ruim...aliás, como tudo na vida...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Amor Eterno Vs Bunda Imediata


Hoje em dia os meios de comunicação são um capítulo a parte na vida das pessoas. Sou nova, mas lembro que na minha infância eu sempre preferi brincar sozinha com as minhas Barbies do que ficar assistindo desenhos na TV. Aliás, sinto que a minha ligação com as palavras e a comunicação despontaram nesta época. Com uma mãe bibliotecária, eu sempre vivi rodeada de livros, criava minhas próprias estórias e literalmente viajava na maionese...

Mas voltando para a atualidade, posso garantir que hoje assisto mais TV do que antes. Eu gosto de ver os telejornais, não acompanho fielmente as novelas, mas sempre sei pelo menos o enredo que elas tratam. Essa introdução falando sobre MCM e da "aurora da minha vida, minha infância querida", foram na verdade pra respaldar uma constatação que fiz recentemente.

Li em um nick de um conhecido meu a seguinte frase: "o homem promete amor eterno, para ter a bunda imediata"; não lembro se a frase é dele ou do Arnaldo Jabor, que pra mim está mais próximo de ser.

Mas concordei com a afirmação. E o que a TV por exemplo tem a ver com isso? Não que seja culpa dela, não APENAS dela. Acredito que a TV vulgariza, explora, desrespeita, nós mulheres de uma forma grotesca e grosseira.

Não pretendo fazer aqui uma análise de conteúdo, até porque isso é blog e não tese de doutourado, mas eu acredito que muitos homens acabaram banalizando o corpo da mulher, de tanto que eles estão carecas de vê-los em revistas, jornais, internet, TV etc.

Então, os "ESPERTÕES" acabam apelando para o lado emotivo, para iludir as coitadas que acreditam em papai Noel, e prometem mundos e fundos...até conseguirem uma noite de sexo. O que é pior, se fosse uma via de mão dulpa, poderíamos considerar um caso mais ameno, mas geralmente os homens são uma BOMBA de ruim, tanto antes, durante e depois.

Não quero aqui dar uma de feminista e dizer que as mulheres são vítimas indefesas. Também não é por aí... Mas a burra da mulher insiste em acreditar quando o cara diz que ela é "ESPECIAL". Eu quero ser tudo na minha vida, menos esse tipo de mulher especial. É clássico! "Você é tão especial...que eu nem te mereço." "Você é tão especial, que tenho medo de me apaixonar por você." "Você é tão especial, que eu prefiro ficar com a minha namorada, feia, mal-humorada e cafona, porquê ela é menos especial." ARGH.

Abaixo as mulheres especiais. Eu não quero nunca ser chamada de especial. Diz logo que a mulher tem uma bunda gostosa e que você quer conhecê-la mais a fundo. Mas literalmente mesmo, sem sonzinhos de sino ao fundo...

Mas olhando por outro ângulo, a internet, a TV, os jornais e as revistas estão cheias de mulheres "especiais", por isso se algum gatinho me cantasse com um papo desses, eu já saberia como me sair:

"- Assiste o BBB, leva a Sexy pra passear, paga um chopp pro Amazônia Jornal, mergulha no site das sereias..."

Especial uma vírgula, eu sou ESSENCIAL.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nuevo

Ainda não li nenhum 1% dos livros que pretendo ler durante a minha vida, ainda não visitei 10% das cidades que sonho em visitar, mas cada vez que conheço uma nova pessoa, vejo como o ser humano é um mundo de possibilidades.
Pessoas normais me cansam...Pessoas previsíveis, que julgam pela aparência, que ostentam valores e conhecimentos, gente que não sorri despretenciosamente, simplesmente por achar que um sorriso pode ser revelador demais...Gente que gosta de doutrinar os outros, gente intransigente, gente que fala e não ouve o que diz...gente que nunca assume erros, culpas, gente que é o tempo todo burra, ou o tempo todo inteligente...
Tenho amigos, ou até conhecidos que cada vez que me permitem exercer o debate, me concedem verdadeiras aulas do que é viver. Sim, porquê juntando a experiência de cada um, com a minha, que ainda é tão pouca, e as vezes quando apresentada, parece tão muita...eu vou construindo blocos de concreto para facilitar minha travessia por esta vida...
Cada pessoa esconde um universo em si, e eu adoro observar as pessoas, e ficar imaginando qual a história de cada um...não me atrevo a fantasiar, acho mais interessante e sábio estar sempre aberto para novas conquistas, e obviamente, conquistas no sentido do conhecimento pessoal, envolvimento romântico nesses casos ficam em segundo plano, isto é, quando estão nos planos.
O vocabulário de cada um é algo que me fascina também. Palavras ditas de forma coerente são extremamente sensuais para mim, não necessariamente tratando de casos prolixos, pois muitas vezes o excesso, vira sobra.
Ah, mas como eu gostaria de conversar com pessoas interessantes, sentindo o ar das montanhas, e tomando um café expresso. Falar sem ter que medir as palavras, e apreender o que o outro diz, entre um gole e outro. Mas em dias turbulentos, de crise e falta de atenção, essa minha vontade tem passado batido... E as pessoas passam, o tempo passa e o aprendizado fica mais restrito. Por isso, preciso guardar dinheiro, para comprar mais livros, ter mais chances de viajar, e pelo menos poder ver e imaginar os universos andantes por aí...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MUDANÇAS EXTERNAS E INTERNAS

Do final de 2008 pra cá, eu resolvi radicalizar. Não sei se todo mundo é assim, mas todas as vezes que eu quis revolucionar algo dentro de mim pensei de antemão em mudança externa. Cortar o cabelo, fazer uma tatuagem, emagrecer...parece besteira, mas comigo funciona.
Dessa vez, depois de longos 6 anos resolvi enfiar a tesoura nas madeixas de Rapunzel e deixar pra trás seus simbolismos. Tem dado certo...Ouvi muitas pessoas me falando que eu estava mais centrada, aparentemente mais madura e meus hábitos mudaram também.
Já não consigo mais sair da minha casa pelo simples fato de precisar "ver a rua". Não me disponho a me arrumar, dirigir meu carro, entrar em um lugar barulhento, apenas para fazer aparições públicas para uma sociedade que me cansou.
É, cansou mesmo. O mundinho de fumaça de cigarro, as músicas que exaltam "hips", "fucks", "Jahs" e por aí a fora. Por outro lado, não dispenso uma boa comida japonesa, em um ambiente bem climatizado e com atendimento eficiente. Metida? Fresca? Não, não. Nada disso. Só estou me poupando de chegar em casa ranzinza e cheia de achismos sobre os outros.
Eu sei que eu mudei, e sei que posso mudar ainda mais, só que essa mudança não precisa ser retratada a muitos, aliás, poucos serão os escolhidos para usufruir da nova Karla.
Nossa, e agora lendo essas palavras, como estou egocêntrica. Credo.
Mas preciso desabafar comigo mesma, compartilhar por escrito dos meus pensamentos...
Falar para os meus olhos...
EU, MIM, MEUS, MINHA...
Vou refletir um pouco mais sobre isso...