sexta-feira, 25 de maio de 2012

Rio +20. Quem foi convidado?


No próximo mês o mundo deve voltar os olhos para a cidade maravilhosa. De 13 a 22 de junho o Rio de Janeiro vai receber líderes mundiais dispostos a discutir o futuro do planeta. É a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) Rio +20 que vai tratar de assuntos diretamente ligados ao desenvolvimento sustentável.

Desde moleca eu ouço falar de sustentabilidade. No começo era uma palavra meio difícil de falar, mas que se escrita nas provas de Ciências era certeira como garantia de um “pontinho a mais” na nota final.

Apesar de ter me formado com um trabalho de conclusão de curso que abordou um estudo de caso dentro do jornalismo ambiental não tenho nenhuma presunção de discorrer sobre o assunto. Tentar empregar definições para sustentabilidade, aquele papo de “preservar o planeta para as gerações futuras”, enfim, não é bem a minha praia. Não que eu não me esforce para ser ecologicamente correta. Acho bacana quem recicla o lixo, não desperdiça água, usa “eco-bags” pra mostrar como é “cool.”.

Pois é, estando no Rio de Janeiro por esses tempos, não tem como passar incólume diante do burburinho que este acontecimento vem causando na cidade, principalmente na mídia.

A ideia da realização dessa Conferência no Brasil foi do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em 2007, fez a proposta para a ONU. O evento recebeu o nome de Rio+20 porque a reunião acontecerá no Rio de Janeiro, exatamente 20 anos depois de outra conferência internacional que tinha objetivos muito semelhantes: a Eco92 também promovida pela ONU, na capital fluminense, para debater meios possíveis de desenvolvimento sem desrespeitar o meio ambiente.

Andei pesquisando na internet sobre como seria a participação da sociedade civil nisso tudo. Descobri que o Rio de Janeiro sediará, também, a Cúpula dos Povos: um evento que contará com debates, palestras e uma porção de outras atividades, sobre os mesmos temas da Conferência da ONU, mas que serão promovidos por grupos da sociedade civil - como ONGs e empresas. Deve ter muito mais coisa, mas reforço que minha intenção não é ser “eco-chata.”.

Apostaria todos os longos fios da minha cabeça que a palavra “Amazônia” será dita por milhares de bocas. Com todos os sotaques possíveis e inimagináveis. Entre todas as classes sociais. Todas as raças de todas as crenças. E todas as orientações sexuais.

Eu sempre achei a Amazônia uma puta. É a puta mais cobiçada do planeta. Não deixa de ser puta, já que dá pra uma galera. Ela proporciona orgasmos múltiplos aos exploradores que desmatam, queimam, levam nossa biodiversidade e aplicam em pesquisas estrangeiras.

Aqui com meus botões de caroço de açaí, fiquei me perguntando quem das nossas bandas foi convidado pra essa festa?

Hoje no noticiário local assisti as imagens de alguns índios que chegaram para a conferência. Confesso que senti certo orgulho ao ver aqueles olhos rasgados e cabelos lisos aparecendo na tevê. Minha ascendência em solo carioca. Mas porra. O take que eu vi estragou a emoção. O índio com umas penas tímidas usadas como pulseira e um tênis da NIKE?

Juro que não queria um índio com lança, cocar, atando rede na orla de Copacabana. Mas o tênis da NIKE foi foda.

Então, voltei a me perguntar quem foi convidado pra esse evento tão espetaculoso? Além dos chefes de estado, da galera do Green Peace que deve dar as caras, não sei quem vai chegar da Amazônia para nos representar. Por isso, resolvi escrever uma lista de sugestões para quem for responsável pelo R.S.V.P.

O que acham de chamar a Iara? Ela também atende por Uiara ou Ipupiara; é um dos seres mitológicos mais populares da Amazônia. Seu poder de sedução é tão forte sobre os homens quanto o do boto sobre as mulheres. Por isso, às vezes é chamada de boto-fêmea. A Iara é descrita como uma mulher muito bonita e de canto maravilhoso que aparece banhando-se nas águas dos rios, ou sobre as pedras nas enseadas. Acho que ela ia “se fazer” aqui no Rio de Janeiro. Eu sei que a Iara têm grandes chances de desconcentrar os participantes, mas é a hora de impressionar, não é?

Num evento desse porte deve ter lugar reservado para idosos. A Matinta Perera ia gostar do Rio! E diante de algum país mais intransigente poderíamos apelar para o respeito aos mais velhos! Se a matinta é um pássaro ou uma velha ninguém sabe explicar ao certo. O que se sabe é que quando a Matinta Perera assobia, o caboclo respeita e se aquieta. Poderia ser uma aliada! Dizem que de noite, quando ela sai para cumprir seu fado, a Matinta sobrevoa a casa daqueles que zombam dela ou que a trataram mal durante o dia, assombrando os moradores da casa e assustando criações de galinhas, porcos, cavalos ou cachorros. Já pensaram na Matinta sobrevoando o Rio de Janeiro depois de um pulo lá da Pedra da Gávea? Asa-delta é para os fracos. Matinta Rio+20 já!

OK. Nós da Amazônia sabemos que há boatos que a Matinta tem sérios problemas tabagistas. Mas as discussões em torno do meio ambiente poderiam ajudar a velha a se livrar do maldito vício!

Para não ficar com uma lista exclusivamente feminina apostaria na vinda da cobra Norato. Ou Honorato, para ser mais cordial no convite. Norato é um dos filhos rejeitados da índia que engravidou da Boiúna, a cobra-grande mais famosa dos rios da Amazônia. A índia estava tomando banho de rio e acabou “bolinada” pela Boiúna e ficou buchuda. Ser mãe solteira deve ser bem difícil. Mas foi “nada a ver” o que essa índia fez. Jogar os filhos no rio, tentar matar as crianças. Deu no que deu. Viraram cobra-grande também e Norato é a “cobra-macho” de quem mais se ouve falar.

Sugeri estes três personagens das lendas da Amazônia porque eles não precisariam fazer reservas de hotel, que já devem estar sem vagas e poderiam improvisar aqui pelo Rio de Janeiro. Porém, acho que está muito em cima da hora e nenhuma das nossas entidades será convidada.

Uma pena. Talvez com um pouco mais de sabedoria popular e menos ciência de gringo, os caras que vão discutir sobre o futuro da nossa terra poderiam ter mais chances de acertar.

Tomara que dê tudo certo. Tomara que encontrem explicação pra esse clima doido, que muda toda a hora. Tomara que a safada da Amazônia pare de se oferecer. Tomara que nenhum visitante leve um tiro que veio de algum morro ainda não pacificado. Tomara meu Deus. Tomara.








terça-feira, 22 de maio de 2012

Gentchy! Olha eu aqui outra vez!!! Nada melhor do que atualizar o blog com novidades!
Muita gente anda especulando sobre o meu sumiço das telas paraenses. Já soube que alguns ouviram boatos que fui demitida. Outros que ganhei na mega-sena (quem dera, hein!) e por isso “dei um perdido na galera”. A maioria sabe que estou morando no Rio de Janeiro porque viu comentários no meu facebook. Mas desde quando? E porque essa mudança?
Calma. Muita calma. Faz comigo: owmmmmmmm. Não foi uma decisão repentina. Eu e meu analista sabíamos que isso poderia acontecer cedo ou tarde. Eu NÃO fui demitida. Pedi pra sair da TV Liberal, empresa em que trabalhei como repórter nos últimos 3 anos e aprendi muito sobre a vida. A minha vida. A vida dos outros. O “viver coletivamente”. Foram anos lindos em que sorri muito mais do que chorei. Ouvi palavrões que nem a minha falecida avó poderia imaginar que existem. Entrevistei desde traficantes até chefes-de estado. (Hum.Hum.) Senti o frio na espinha que só uma “entrada ao vivo” provoca e o gostinho repetitivo de sempre parecer que era a primeira vez.
Pois é, deixei o microfone de lado por uns tempos. O mundo na TV é viciante. Você entra e não quer mais sair. E se deixarem, você não sai e acaba esquecendo que existe vida (inteligente) fora daquela tela plana. Eu vim pro Rio de Janeiro, mas não foi por causa de uma proposta da Globo ( e de nenhuma outra emissora concorrente).
Eu recebi sim uma proposta. Que veio em uma noite despretensiosa via SMS no celular. Depois de quase três anos de relacionamento, meu namorado resolveu que deveríamos tentar ficar juntos. Era uma ideia que ambos vínhamos amadurecendo há pelo menos seis meses, mas que muitas vezes foi descartada por causa dos inúmeros percalços da vida.
Pra quem não sabe, meu namorado é jornalista, escritor, professor universitário etc e tal... e é muito diferente do que ele escreve. Não viagem! Ele não é o Antônio Pastoriza. (Mas o livro é muito bom! Podem comprar!!!)
 E aqui estamos:  dois despreparados no quesito “casamento” nos esforçando diariamente pra fazer essa decisão valer à pena.
Posso ouvir daqui os gritos e sussurros do povo mais feminista:
- Como ela largou TUDO por um cara? – pode dizer alguma amiga.
- Esse é gostosão hein. A mulher deixou o emprego na Globo por causa dele!- deve estar conjecturando alguma leitora.
Mais uma vez, repita comigo: “Owmmmmmmm.”   Eu NÃO deixei TUDO. Eu tinha um emprego muito bom, mas que alguma hora eu iria ter que largar. Sou uma inquieta por natureza. Minha família não está aqui AGORA. Porém, nesse campo sou mais sortuda que o famoso “Dudu da loteca”, o que eles querem é me ver feliz. Enfim, foi uma escolha. E escolhas vocês sabem como é... sempre pedem uma renúncia em troca.
Vou esclarecer mais uma coisa: eu não virei madame. Meu namorado não é rico, e ainda que fosse não é do tipo que manda flores e dá diamantes de presente. Pois é, só que isso eu já sabia desde o início, e nunca foi problema.
Eu estou sim, morando no Rio de Janeiro, mas não fui nenhuma vez à praia. Não encontrei artista na rua e nenhuma liquidação de tirar o fôlego (:( Grrrrr!)
Meus dias têm sido para me acostumar a dividir a cama com alguém. Alguém insone, que me empurra porque “diz” que eu ronco. O “sonho de princesa” que algumas pessoas acham que estou vivendo tem mais a ver com a primeira parte da Gata Borralheira. Estou lavando louça como nunca lavei em casa ( desculpa mãe!), meu namorado agora conhece todas as minhas calcinhas, e o pior de tudo: ainda não tenho um cabeleireiro de confiança, uma manicure pra fofocar, uma massagista pra desabafar... minha vitória hoje foi conseguir tomar banho sem adquirir queimaduras de 2º grau ou congelar meu nariz. (Yeahhh).
Todos os dias um de nós dois pelo menos pensa em desistir. Eu com medo de não dar conta do tranco. Ele com medo de sei lá o que (homem de 41 anos NÃO deveria ter medo!).
Mas as inseguranças, as neuras, a angústia... tudo passa. Ela volta de novo, mas nós guerreiros como sempre fomos, tratamos de expulsá-la.
E é isso que eu tenho feito. Nada de conto de fadas. Nada de filme pornô. Nada de ANORMAL. Lutando dia após dia por momentos felizes.
Torçam por mim! E aos invejosos de plantão (sempre há, infelizmente) pensem que estou sem fazer escova há mais de duas semanas!