sábado, 29 de maio de 2010

Ansiedade


Preciso tentar escoar um pouco da minha ansiedade através da escrita. Daqui a menos de uma semana vou conhecer meu ídolo. Vinte anos atrás eu estaria me referindo à rainha dos baixinhos. Mas não é o caso. Estou prestes a comparecer ao lançamento do novo livro de crônicas do Fabrício Carpinejar “Mulher Perdigueira”.
Tá, eu não sabia da existência do cara. Foi uma sugestão de uma pessoa que na época eu acabara de conhecer e durante uma conversa despretensiosa sobre poesia, o cidadão me perguntou se eu já lera algo do poeta e escritor Carpinejar. “Um dos melhores dessa nova geração”, disse ele. E eu com minha curiosidade jornalística fomos conferir o trabalho do cara.
Me identifiquei totalmente. Foi amor a primeira página. Carpinejar escreve com uma sensibilidade tão grande, que você jura que ele é mulher ou no mínimo homossexual. Até onde eu sei não é. Tem dois filhos, aos quais ele inclusive já escreveu um livro só falando sobre as delícias da paternidade, foi casado e hoje namora a psiquiatra e também cronista Cinthya Verry. Uma fofa.
Preciso ressaltar que o “tal cidadão” que me iniciou na carpinejância, é o meu atual namorado. Já passamos noites a fio lendo poesia, discutindo a obra do Carpinejar, inclusive ele usa uma citação do meu ídolo em um dos seus livros. Sim, porque meu amor também é escritor. E dos melhores. Na minha profissão é um ícone. Um intelectual atípico, daqueles que você jura que tem mais sorte do que conhecimento. Mas não é. Meu namorado sabe muito. De literatura até física quântica. Até irritantemente demais. Porém, chega de fazer propaganda dele. Sou ciumenta assumida.
O fato é que em menos de uma semana estarei com um livro nas mãos, enfrentando uma fila gigantesca pra pegar um autógrafo do Carpinejar. Comprei vestido novo. Sapato novo. Maquiagem nova. Nada para impressionar o bofe, afinal sou comprometida e ele é MUITO feio. O que tem de sensível tem de horroroso. Não é a beleza dele que me seduz. Não é seu lado homem. É sua compreensão da alma feminina. Sou sem juízo pelo meu namorado. Até Cazuza demais. É pra ele que uso o espartilho. O Carpinejar é um instrumento que pode ser muito útil no entendimento do meu relacionamento. Dá pra entender? Não quero conversar com o autor, a voz dele é bem chata, pois já o assisti em entrevista no programa do Jô. Quero que ele fale algo que toque o coração do meu namorado. É dele a frase: “descobrimos um amor, na eminência de perdê-lo.” Familiar, não? Quem nunca passou por uma situação dessas?
Meu amor me diz: menos perdigância! E eu digo: mais atenção! O amor é pulsante. Não pára quieto aqui dentro. Mas talvez o encontro com meu ídolo seja a glória, ou a desgraça. Tenho medo de descobrir que Carpinejar pode não ser um verbo. Ou ainda pior, verbo intransitivo. Que não se conjuga.
Se for a desilusão que me aguarda, estarei pronta para mais uma. Se meu oráculo permanecer intacto, prometo ler cada página bem devagar. Pra não me sentir órfã de uma vez, coisa que sempre acontece quando termino um livro dele.
Não é o homem. Não é o ser humano. É a entidade que me atrai. Se ele fosse uma fumaça de desenho animado, seria ainda mais emocionante.
Mas estou ansiosa para ver no que vai dar. Prometo contar tudo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Desabafo...


Tenho andado mais melosa do que o normal. Sabe aquela música do Zeca Baleiro “Ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar...”?
Eu sempre fui muito passional desde sempre. Mas há algum tempo uns sentimentos gritam dentro de mim. Nada me emociona mais do que ver um casal apaixonado trocando juras de amor. Mesmo que essas juras não se cumpram. Mesmo que eles terminem o namoro ou o casamento no dia seguinte. Sou do princípio de quem ama cuida e também fala. Dizem que não se pode esbravejar a felicidade, porque a inveja tem sono leve.
Não aposto nisso. Tenho fé em Deus o suficiente para me sentir protegida e nutrir sentimentos puros que não agouram a vida de ninguém. Eu me encho de alegria ao ver que meus amigos estão crescendo. Que todos estão tomando rumo na vida. Uns trabalhando demais. Outros casando e tendo filhos.
O maior sonho da minha vida é ter uma família feliz com filhos e um cachorro, sabe? Coisa bem clichê, de filme de sessão da tarde ou comédia romântica com atrizes da moda.
Não me envergonho de dizer que não almejo milhões na minha conta bancária. Não preciso de jóias e carros para ser feliz. Quero apenas alguém do meu lado, pra ir de mãos dadas ao cinema. Pra escolher o nome dos nossos filhos, mesmo que eles só venham a nascer daqui a cinco anos. Coisas simples, triviais e que hoje em dia parece que as pessoas deixaram de lado.
Poxa. Eu quero alguém que entenda que nos dias de TPM eu necessito de mais atenção. Não sou uma chata que gruda no pé. Sou independente e luto todos os dias com unhas e dentes para nunca precisar estar com alguém por falta de opção ou comodidade financeira.
Acordo cedo, corro atrás das minhas coisas e já não me importo de usar um tênis velho no lugar do salto alto. Aprendi que não é isso que me torna mais ou menos bonita. Pouco ou muito atraente aos olhos dos outros.
Mas porque será tão difícil conseguir despertar outras pessoas para estes valores? Eu posso sim viver até o final da vida sozinha. Só que eu NÃO quero. Nasci pra ser casal, e de casal me transformar em mini-mins e mini-ele que tenho certeza irão me ensinar coisas que eu nunca imaginei todos os dias.
Eu passo longe da perfeição e já fiz muita burrada na vida. Atualmente tento não jogar lixo na rua, parei de fumar e não consumo mais bebida alcoólica pensando em mim e nas pessoas que me amam e um dia ainda podem vir a me amar. Quero um país mais justo. Dói minha alma ao testemunhar uma injustiça. E não, não quero me vender aqui como um bom partido. Ou uma boa escolha.
Quem escolhe somos nós, protagonistas de nossas vidas. E eu escolhi ser feliz a qualquer custo, mesmo que isso me leve horas de aflição, aperto no coração e diversas desilusões.
A aventura não é encarar o perigo. É manter os valores intactos, mesmo que todo mundo diga “você não pode ter a praia e a montanha.”
Não quero a praia e a montanha. Ambas habitam em mim.