segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hipo



Como explicar para alguém quanto você o ama? Não existe sistema de medida para o amor. Não posso medir o amor através de unidade de comprimento de superfície: Amor, eu te amo 500 metros. Ou unidade de capacidade: o que sinto por ti daria para encher uma caixa d’água de 700 litros. Pior ainda se for falar em peso: te amo 200 Toneladas.
Não dá. O que eu posso medir em volume é a quantidade de lágrimas que já derramei por saudade. Tentar contabilizar quantas vezes já teria dado voltas pelo mundo percorrendo os 3.000km que nos separam. Mas ele nunca entenderia o peso da minha cabeça quando temos uma discussão.
Ninguém precisa explicar o amor quando há a sensibilidade de notá-lo nos pequenos e nos grandes gestos. Eu amo quando peço indicação de um livro, me emociono com um texto e imediatamente ligo para ele com a intenção de dividir. Amo quando criamos nossas metáforas. Quando peço para ele voltar da cozinha, quando ele sonoriza o meu lugar, quando dançamos na sala sem música. Amo quando tenho a certeza de que ele será o pai dos nossos filhos.
Eu amo também quando imploro por atenção. Nos dias em que preciso de um tom de voz mais acolhedor, até nos dias em que pensei em desistir de tudo, mesmo sabendo que desistir de tudo seria desistir de mim.
Temos nossas diferenças. Uma passional + um racional = dois bicudos. Que quando estão perto se beijam no aeroporto, na parede, na pia.
Eu amo o meu peixe da hora em que acordo, até o momento de ir dormir. Durante o sono, arrisco a dizer que amo ainda mais, quando sonho que estamos juntos e desta vez é para sempre.
Nunca deixei de amá-lo nos momentos difíceis, foi também quando o amor cresceu. Me enfrentou. Comprou a briga. Amo o amor da minha vida quando ele bebe café e beija a xícara eroticamente. Quando nos encontramos e ainda sinto um frio na barriga. Quando nos despedimos e eu rolo no chão de tanto chorar, e ele tenta me consolar sem sucesso.
Mas na verdade, eu não te amo. Não sei se já amei alguma vez na vida. Mas já disse que amei.
Você, eu hipo. Hipo com a força de todos os cavalos do mundo. Com o simbolismo da estrela de cinco pontas. Com as letras desengonçadas de quem escreve e não troca os pronomes. Pois para mim, só existe um: você.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

As Mônicas de nossas vidas.



Coincidência ou carma? Durante a minha infância a Mônica mais conhecida era aquela personagem criada por Maurício de Souza. A que até hoje é sucesso entre as crianças e passou por várias gerações. A baixinha, gorducha e dentuça sempre teve a auto-estima lá em cima, não se importando com os xingamentos de seus arqui-rivais nem que pra isso quase sempre fosse necessário lançar mão e lançar alto o famoso coelhinho Sansão.
Pois bem, a minha época de devorar os gibis passou e o que veio em seguida foi a fase da adolescência, marcada pela história de outra Mônica.
Quem não se lembra de Mônica Lewinsky? A estagiária da Casa Branca graduada em psicologia e que realmente abalou o psicológico do então mais poderoso homem do mundo: o ex-presidente dos Estados Unidos da América Bill Clinton. Essa aí foi do babado! Eles poderiam ir para um Hotel chique, ou até um motel de beira de estrada desses que assistimos em filmes blockbuster. Os pombinhos resolveram fazer sexo oral na sala oval da White House. Símbolo, sede do poder e do império dos norte-americanos. Tsc tsc. Seria algum fetiche do Mister President? Ou exigência da Senhorita Mônica? Essa é uma questão que ficará no imaginário e na História para sempre.
Mas como se não bastasse, nosso Brasil também têm Mônicas. E das boas viu. Mônica Veloso, jornalista e com um corpinho de dar inveja a muitas “tchutchucas”. O ano era 2007. O caso chamado Renangate envolvia o nome do então presidente do Senado Renan Calheiros com escândalos de corrupção denunciados na imprensa. O coitado do senador, seduzido aos encantos de mais uma Mônica teve uma filha com a gostosona. E depois que o romance acabou foi acusado de recorrer à ajuda financeira de lobistas ligados a construtoras, que teriam pago despesas pessoais, como o aluguel de um apartamento e a pensão alimentícia para a jornalista mineira. A bagatela de 12 mil reais. Por baixo, né gente? Vamos combinar que míseros 12 mil reais não dão nem pra pagar a academia,o personal trainner, os tratamentos estéticos, o botox, as hidratações semanais no cabelereiro... Que isso, minha gente? Uma mulher precisa se cuidar. Eu hein! O resultado do poder de mais uma Mônica os leitores da Playboy puderam conferir através das lentes do expert J.R Duran em outubro de 2007. Eu não vi. Mas acredito nela quando disse que “Não precisou de photoshop”. Ora, quem precisa?
Para terminar minha singela homenagem às Mônicas deixei para o final, a não menos importante Mônica Pinto. Ela que está bombando nos jornais e telejornais paraenses e até já apareceu no Jornal Nacional dando entrevista exclusiva ao meu colega de trabalho Fabiano Vilella. Sempre com suas jóias cravejadas de brilhantes, suas blusas de cetim, maquiagem impecável e cabelos de comercial de shampoo (importado óbvio né?). A ex-chefe da seção da folha de pagamento da Assembléia Legislativa do Pará resolveu abrir o verbo e colaborar com a investigação do Ministério Público. Segundo Mônica, cerca de um milhão de reais eram desviados por mês da ALEPA e ela contou sobre funcionários fantasmas, existência de laranjas, estagiários contratados que nem eram estudantes. Uma farra sem fim. Mônica Pinto assumiu a direção do Departamento de Gestão de Pessoal a convite do então presidente da Casa, ex-deputado Domingos Juvenil. Dizem as más línguas que os dois chegarem a ser mais do que apenas bons amigos. Mas isso é o que dizem por aí. E vocês sabem, o povo fala demais...
Porém sobre o romance com Robson do Nascimento, o ROBGOL, esse sim, Mônica revelou sem pudor. E como tudo que é bom dura pouco, foi a própria quem sugeriu ao Ministério Público que desse uma checadinha na casa do ex-Papão. Mas eles só encontraram 500 mil reais em dinheiro e 40 mil reais em vale-alimentação. Vocês também sabem o que comentam sobre esse pessoal do meio futebolístico...gostam de uma festinha. É sempre bom, ter uns trocados em casa.
Perguntada em entrevista à TV Liberal se “Sentia algum constrangimento por ajudar no desvio de dinheiro público?” Mônica disse que sim. Que sentia vergonha. E terminou jogando os cabelos pra trás numa mensagem subliminar que despensaria qualquer outra frase. Entretanto ela arrematou: “Como posso explicar, o inexplicável?”
Não explique Mônica. Nós sabemos que a culpa toda é do estigma criado por Maurício de Souza. Ta aí a resposta. Elas não são baixinhas. Não são gordinhas e muito menos dentuças.

domingo, 8 de maio de 2011

Para a melhor mãe do mundo...



Durante anos os médicos foram categóricos com a minha mãe: “a senhora não pode ter filhos.”
Ela fez tratamentos, viajou em busca do avanço da medicina, até submeteu-se a receitas populares: põe as pernas pra cima, fica de cabeça pra baixo, sobe a escadaria da Penha de joelhos (isso ela não fez, mas tenho certeza que faria!).
Quando ela não imaginava mais que seria abençoada com o dom da maternidade, Deus lá de cima resolveu chamar uma estrelinha.
- Estrelinha! Você vai fazer uma viagem – Ele disse.
- Viagem Papai do Céu? Mas eu gosto tanto de morar aqui, perto dos meus amigos anjinhos, das nuvens tão macias... Pra onde eu vou?
- Você vai para um lugar chamado planeta Terra. Lá você enfrentará muitas dificuldades, mas não se preocupe. Sua primeira parada será no ventre de uma mulher que todos os dias me implora pela sua presença. Ela vai te amar, não tanto quanto Eu te amo. Porém, ela cuidará de você, acalmará seu coração nos momentos de angústia, cantará canções de ninar e durante todos os dias da vida de ambas vocês dividirão um amor imensurável. Serão mãe e filha. Serão melhores amigas.
- Tudo bem, Papai do Céu. Já estou curiosa para conhecer esta mulher que o Senhor diz que me ama tanto, antes mesmo de me conhecer!
E assim a estrelinha viajou e foi parar dentro de um lugar quentinho e acolhedor. Nos primeiros nove meses a estrelinha só ouvia uma voz amorosa todos os dias. Dizendo o quando ela era querida e esperada.
A estrelinha se transformou em um bebê. E quando nasceu o primeiro contato foi inesquecível. Cheia de sangue e lágrimas, nossa primeira ligação foi cortada: o cordão umbilical.
Sem problemas, o cordão continua guardado dentro de uma caixinha de jóias, 26 anos depois. E podem apostar para ela vale mais do que qualquer diamante.
Acontece que uma ligação muito mais forte se estabeleceu. Minha mãe me ensinou a andar. Segurou firme na minha mão durante todas as quedas. E ainda hoje quando tropeço é direto no colo dela que eu vou parar.
Ela arrancou meus dentes de leite. “Mãe vai doer?” “A mamãe segura na sua mão.” “Mãe, vou fazer uma tatuagem.” “A mamãe segura na sua mão.” “Mãe, eu quero casar.” “A mamãe só quer ver você feliz, porém lembre que se não der certo, você tem sempre pra onde voltar.”
Minha mãe me ensinou a ler. Letra por letra. Decifrar os códigos que aos quatro anos pareciam tão confusos. E com o talento nato dela, nesta mesma idade escrevi um bilhete guardado até hoje: “Mamãe, cinto que te amo.” O “cinto” com “C” foi um erro de principiante. Logo ela me mostraria que na vida erramos muito, não só erros ortográficos, mas de escolhas, através de atos, de ausências.
Nossas declarações de amor são diárias. Nossa companhia é de admirar todos que pouco nos conhecem. Vamos à academia juntas, ao salão de beleza, aos shows, aos jantares, temos viagens inesquecíveis.
Só que o momento mais gostoso do nosso dia é a hora do chamego antes de dormir. Minha cama é de casal e ultimamente temos dormido juntas, agarradinhas.
Aos 26 anos, alguns rituais não mudaram: “já escovou os dentes?” “almoçou direito?” “Lanchou no trabalho?” “Linda na televisão, não falei que veria você na telinha da Globo?”
São tantos momentos, que eu poderia escrever um livro. Sei que os joelhos dela têm calos de tanto rezar por mim, e a mão não larga o terço cada vez que ela percebe só de olhar, que há algo de errado no meu semblante.
Algumas pessoas têm conceitos errados sobre ser mimada e ser amada. Minha mãe me repreende sempre que necessário. Faz críticas. Aponta meus erros e sim (pasmem) até berra comigo.
Só que ela é minha melhor amiga, meu maior alento, a companheira mais incansável que eu poderia ter nessa guerra chamada vida. Vencemos muitas batalhas. Perdemos outras, como a morte do meu pai e da minha avó.
Dom Quixote e Sancho Pança não nos causa inveja. Alguns dias ela vê moinhos e eu gigantes. E vice-versa. Mas juntas, enfrentamos tudo. Porque temos uma à outra.
Existe um ditado judaico que diz “A mãe compreende até o que os filhos não dizem.” Não tenho a menor dúvida.
Mãe, obrigada por tudo. Pela paciência, pela sua voz cantarolando pela casa, por me telefonar dez vezes por dia. Por chorar o meu choro e sorrir o meu sorriso.
Papai do céu, eu era uma estrelinha, mas só pude brilhar quando cheguei aqui. Ao lado da minha mãe. Ela é sem dúvida, a minha maior força, inspiração e razão de viver.
E nem pense em se ausentar, viu? Essa foi só a primeira parte da nossa história. Algum dia você terá netos, e eles, assim como eu, vão precisar muito dos seus afagos.
Feliz seu dia. Feliz meu dia. Feliz de nós, que nos amamos e nem a morte nos separa.