terça-feira, 2 de março de 2010

O primeiro encontro



O encontro foi decisivo. Do tipo ou vai ou racha. Foi. Descobriram afinidades em questões de minutos e com uma garrafa de champagne na conta. Escolheram como local do primeiro "face to face" um casebre na montanha. Ele devia lembrar-se das histórias de Victor Hugo. Ela riu de canto pensando no Best-seller “A cabana” que acabara de ler. Ele falava das experiências vividas pela Europa. Ela contava do último relacionamento com um cara doente de ciúmes. Riam juntos. Ela tinha bom humor e ele esbanjava perspicácia. Todo o nervosismo daquela primeira troca, se transformava em euforia a cada peculiaridade revelada. “Totalmente diferente do que eu esperava!” – ela pensou. Sim, porque nós mulheres continuamos acreditando em contos de fada, no príncipe encantado, mas é mais fácil acreditar no cafajeste sincero, que confessa que “foi um deslize” e se deixar ruborizar diante de um homem sensível e heterossexual.
A primeira coisa que ela notou foi os braços fortes que ele tinha. Como teria conseguido aqueles músculos? Ele não dava indícios de ser um freqüentador de academias. Ela fez questão de olhar todos os pertences dele, cada vez que o rapaz ia ao banheiro. Livros de poesia, CD de ópera, e um casaco de couro fashion que também apontava que aquele era um ser atípico.
Os olhos daquele homem que ela muito já ouvira o nome, mas nunca fez parte de seu imaginário escondiam o fundo do mar. Olhos de peixe. Vivo, e bem vivo. Daqueles que conhecem as profundezas das águas e dormem sempre abertos. Ela poderia ficar horas perdida naqueles olhos. O transe só era desfeito quando ele dizia: “Me conta o que você está pensando.”
No que mais ela poderia pensar? O que mais ela poderia querer? Só a lua, que não se fez de rogada e testemunhou as duas noites do casal. Sim, mal se conheciam e já formavam um casal. Dividiam o mesmo banheiro. A mesma cama. Deitaram na mesma rede.
Durante o primeiro beijo ela mal conseguia se concentrar no movimento circular das línguas. Surpresa. Estupefata. Haja fôlego! Como ele beijava bem! E que cheiro bom exalava de seus poros. Àquela altura, já bem suados.
Foram dois dias de sorrisos, conversas, confidências e muita umidade. No final de tudo, não havia a promessa do reencontro. Apenas a despedida. Na volta para casa os sentimentos de felicidade e ausência começavam a gritar dentro dela. Quando ela o veria novamente? Será que ele também compartilhava de tamanha emoção? O que fazer se não houvesse outra rede? Outra cama? Uma nova troca de olhares?
Ela não tinha as respostas. Apenas as indagações. Só uma coisa era certa: “ a vida sem aquele homem seria uma eterna estiagem.”

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