segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Lembranças do Natal



Este não é um conto de Natal. E nem uma crônica. É apenas um relato de como os natais tem sido pra mim nos últimos oito anos.
Natal na minha casa tem árvore, tem enfeite, tem presente e até pisca-pisca. Mas há oito anos não tem mais o meu pai.
Era ele, homem forte e reservado que transformava nosso mês de dezembro em uma verdadeira festa. Meu pai nunca foi bom em comprar presentes. Se eu calço 36, lá estava embaixo da árvore um calçado de tamanho 38, que eu jamais usaria e dificilmente conseguiria passar adiante.
Mas a expectativa da descoberta, o suspense, o modo como ele embrulhava as caixas, sem nenhum traquejo e cheio de fitas engomadas era suficiente pra despertar em toda a família uma enorme curiosidade.
Meu pai nos deixou em janeiro de 2003, diante da TV, no sofá da sala. O coração tão grande, simplesmente parou de bater. Coincidentemente, no Natal anterior, ele acertou o meu tão sonhado presente: um sharpei albino. Sim, porque eu não queria qualquer cachorro. Tinha que ser um incomum, e difícil de encontrar... Porém , ele buscou, procurou e conseguiu.
Reconheço a importância do Natal. O nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo que nos enche de novas esperanças, inclusive a de que nós mesmos podemos renascer. Renovar.
Atualmente, meu melhor Natal acontece durante o dia. Desde que comecei a atuar na reportagem nunca escapei de um plantão natalino.
Já cobri a ceia de pessoas carentes em 2009, onde surpreendentemente não encontrei uma Maria, um José e um Jesus. Mas conheci três figurinhas que vieram de longe, do interior do Estado e não tinham onde ficar e nem o que comer. Ajudei-os a ter um Natal digno e eles me ajudaram muito mais a escrever uma bela matéria.
Ano passado presenciei uma história triste. Uma mãe abandonou um bebê, recém-nascido e desprotegido em um terreno baldio. A criança virou notícia nacional, mas o mais importante é que comoveu pessoas que o acolheram.
Este ano, participei da entrega de presentes e alimentos em comunidades bem humildes. Por lá, descobri que a família Noel é maior do que eu imaginava, e não mora no Pólo Norte. Mora no Jurunas, no Guamá, na Condor. Mora aqui na minha rua, e com certeza, também aí na sua.
Meu pai não está aqui, para eu abraçá-lo. Só que ontem recebi mais abraços do que meus braços podiam caber. E sim, eu tive um Feliz Natal.

Um comentário:

Anônimo disse...

vc é ótima!