terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dica de leitura


 
 
O primeiro livro do ano foi uma sugestão do meu maridinho. Eu queria um "clássico" e ele me indicou "Dois irmãos" de Milton Hatoum, um escritor de Manaus que já ganhou vários prêmios literários, incluindo Jabuti.

Dizem por aí que a obra foi comprada pela Rede Globo e pode virar micro-série tipo "O canto da sereia" que também é adaptação de um livro do Nelson Mota.

Pois bem, "Dois irmãos" conta a história de três irmãos (oi? é, é isso mesmo. Calma aí!). Os protagonistas são gêmeos: Omar e Yaqub, mas eles têm também a Rânia que é mais nova e aparece sempre.

A família dos gêmeos é de imigrantes libaneses que foram morar em Manaus lá pela década de 20. Os pais deles, Zana e Halim nasceram no Líbano, mas foram para o coração da Amazônia na juventude. Eu digo coração da Amazônia, porque era Manaus. Se fosse Belém, seria o cérebro da Amazônia, beleza? (Imparcialidade. Você vê aqui.)

Continuando... os gêmeos tem uma rixa braba desde criança e é claro que o motivo tinha que ser mulher. Os dois queriam pegar a mesma guria e aí já viu...

Mas o verdadeiro problema entre os dois é uma outra mulher: a mãe. Isso aí, meus caros. A trama tem um "quê" de complexo de Édipo sem igual.

A relação de Zana (mãe) e do Omar (gêmeo caçula) é um negócio meio incestuoso e aparentemente doentio (eu digo aparentemente, pois quem sou eu pra dar algum diagnóstico?). A irmã também tem verdadeira devoção por este Omar, que na verdade é a ovelha negra da família. "Uma fábula sobre o ódio". (revista Veja)

Não vou entrar muito em detalhes pra que vocês leiam o livro e tirem suas próprias conclusões, entretanto, eis o que mais gostei:

1) O livro é ambientado em Manaus durante o regime militar. Eu lembro de ter estudado sempre sobre como a ditadura refletiu no Rio de Janeiro, em São Paulo...pouca coisa de Norte, então pra nós, nortistas, é algo interessante de conhecer;

2) Os cenários descritos são altamente familiares. Igarapés, palafitas, barquinho pô-pô-pô... Pra quem está longe de casa como eu, é um bálsamo e um afago na saudade;

3) A estrutura narrativa é curiosa. Você só descobre quem é o narrador lá pelas tantas, quase no final do livro. Você se apega ao narrador, sem saber nem com quem dormiste, ou babaste em cima (da página...);

4) É muito bom reconhecer que temos autores talentosos fora do eixo Rio-São Paulo.

E vocês? Já leram algum livro este ano? Comentem e me indiquem!!!




 

4 comentários:

Gabriel disse...

Realmente, conhecer obras de escritores nortistas é bem significativo e interessante pra quem mora aqui. Lembro que quando descobri 'O Rebelde', no ano passado (dentre as leituras obrigatórias do vestibular), achei super legal.

Reporti franjinha disse...

Ainda não li! Qual a história??

Mamis disse...

Como sempre adorei o que você escreveu filha, realmente deve ser um livro muito bom já que foi indicada pelo Felipe Pena (nosso autor preferido...). Muito bom ver talentos do norte, como vc bem disse se fosse Pará seria "cérebro do norte" onde temos grandes autores reconhecidos nacional e até internacionalmente! Ainda não li nnhum livro este ano, mas estou feliz por que VOCÊ já leu! Parabéns. Mamis
P.S Depois me empreste.
Mamis

Gabriel Mota disse...

É um conto do Inglês de Souza, e de modo geral conta a história do Luís e da família dele quando foram resgatados pelo Paulo da Rocha em meio ao movimento da Cabanagem, em Óbidos. Na verdade é um relato 40 anos depois do acontecido, que não termina com um "final feliz" mas nem por isso deixa de ser interessante. Acredita que eu também imaginei a história como uma minissérie? Acho que é por conta de ter vários acontecimentos que vão te prendendo até o final. Eu gostei! E por ser um conto, rápido a gente termina de ler.