sábado, 16 de abril de 2011

Os homens sem passado


Os homens sem passado. Eu poderia escrever sobre o inusitado. O cotidiano jornalístico sem dúvida é uma fonte inesgotável de inspiração e situações inverossímeis. Às vezes tudo é tão distante da realidade que alguns de vocês apostariam que eu estaria me lançando no mundo da ficção. Ainda não acho que seja o momento. Continuo preferindo usar o blog como uma espécie de divã pessoal. Quer dizer, pessoal até o momento em que eu angario alguns poucos, porém fieis leitores, e que me deixam imensamente feliz quando metem o bedelho de forma irretocável. O título deste post andava permeando minha mente há alguns dias. Tá bom! Aos 26 anos já tive algumas paixonites agudas, uns namoricos, um relacionamento muito denso e agora acredito experimentar o que chamam por aí de “amor”. Mas todos estes integrantes da minha biografia, enquanto estiveram ao meu lado, poderiam ter sido homens sem passado. Quem gosta de saber que aquele restaurante tão romântico, aquela surpresa criativa, aquele apelido carinhoso... que o SEU lar, já foi habitado por outra pessoa? Ciumenta assumida. Oi gente. Meu nome é Karla. Tenho 26 anos e morro de ciúme do passado do meu namorado. Entra agora a galera do “deixa disso”. Passado é passado. Se fosse tão bom, ele estaria com ela(s), certo? Ok. Faz sentido. Mas ainda assim, torço o nariz. Mordo o lábio inferior. Fico autista. Depois que o namoro acaba, existe o que chamo de período de luto. Diferente em cada situação. Por alguns chorei duas semanas. Por outro... Quase dois anos. Mas quando o tempo e a distância se encarregam de levar embora o sentimento, para mim não sobrou praticamente nada. Talvez poucas e insípidas lembranças. Afinal, tenho que ter o que contar para meus filhos quando eles chegarem comigo para trocar confidências amorosas, né? E agora vem a “mea culpa”. Eu pergunto e perguntei para todos eles. Mas como era fulana? Era assim que você falava com ela? Pra mim nunca houve depoimento no Orkut... Ah, quer dizer que você não esquece o primeiro encontro com a Beltrana? Como entoa um clássico pop da atualidade: “Loca,loca,loca...” Será que só eu fui mordida pelo bichinho da curiosidade? Ou seria o bichinho curiosidade tipo 4? Que tem como agravante seqüela de insegurança. Hum, hum. Boa reflexão. O fato é que muitas vezes me pego pensando que adoraria conhecer “homens sem passado.” Comentei isso com meu namorado outro dia. Sabe o que ele disse? “Que triste, Kaká. Pessoas que não guardam boas recordações não têm experiências positivas para aprimorar e muito menos negativas para reprimir. Um homem sem passado é um cara que ainda acredita que as cegonhas trazem os bebês." É foda namorar um intelectual atípico. O cara tem resposta pra tudo. E não é que no final das contas concordei com ele? Caras sem passado além de tudo isso, provavelmente sofrem de ejaculação precoce. É... mas continuo de olho nos recadinhos no facebook, nas mensagens enviadas para o celular em horários impróprios e nas desculpas esfarrapadas para reencontros “que foram pura coincidência”.

*Foto do filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (2004)


2 comentários:

Renato Cal disse...

Concordo plenamente com o seu namorado Karla. Nossa personalidade é resultado de diversas experiências passadas, e os ensinamentos que delas pudemos tirar. Me arrisco até mesmo em dizer que quanto mais experiências, boas ou não tão boas, mais interessante somos.
Bjos

Unknown disse...

Ciúme é tempero do amor, porém o mais saboroso dos temperos se utilizado em demasia deixa a comida com gosto ruim, por isso há que que se saber dosar o ciúme para não estragar o amor. Você ainda é jovem, com o passar do tempo com certeza vai aprender com as experiências do passado (todos temos um passado). C'est la vie ma chérie. Je t'aime.