sábado, 30 de abril de 2011

Flores de plástico



Há cerca de um mês eu reencontrei uma grande amiga. Ela está grávida e apesar de não morarmos mais na mesma cidade há 12 anos felizmente nunca perdemos o contato e sempre estivemos presente na vida uma da outra, mesmo quando ausentes.
Lembro da nossa amizade que começou dentro de sala de aula. De como naquele tempo não tínhamos preocupações ou obrigações, a não ser com o boletim escolar.
Minha amiga casou cedo, construiu uma família linda e sólida e todas as vezes que ouço uma música da “nossa época” ou falo com alguém da família dela, meu coração transborda de alegria. Não nos telefonamos com freqüência, infelizmente. Sei que não é por descaso de nenhuma das duas. Mas quando nossas vidas se cruzam, é como se apenas uma noite tivesse passado, e as últimas palavras ditas fossem “até amanhã, pit”.
Tenho poucos amigos, mas os que posso chamar assim são verdadeiros e contribuíram para a construção da minha personalidade.
Alguns ainda moram na mesma cidade que eu, e não é a distância física que nos separa. O corre-corre, a falta de tempo, o mau uso dele, o estresse. Tudo que pode soar como desculpa (e às vezes é) e teimam em se interpor a nós.
Aqui faço um “mea culpa” pois não é fácil ser meu amigo. Sou boa ouvinte, mas ultimamente tenho emprestado pouco meus ouvidos e meu ombro. Não telefono e não retorno as ligações. Dificilmente respondo recados e tampouco os envio. Quem lê esta confissão pode até fazer um julgamento negativo sobre a “Karla - amiga”. Entretanto, tenho certeza que os meus amigos, sabem, entendem e principalmente respeitam o meu jeito e o momento.
Lembro de grandes amigas com quem dividi experiências fantásticas. Aquelas que estiveram comigo em todos os meus aniversários desde os 16 anos de idade. Com quem eu troquei e ainda troco confidências, ri até doer a barriga e chorei até os olhos ficarem inchados. Nossas viagens, memoráveis. Nossas festas, incontáveis. Nossas perdas, doloridas. A madrinha do meu cachorro. De quem eu fui madrinha no casamento. Minha conselheira e psicóloga particular. A primeira mãe do grupo.
Tem também a amiga de faculdade, que casou recentemente. A amiga do prédio, que está deslanchando na carreira médica. A amiga da amiga, que ganhou independência e se transformou em grande amiga. A amiga de férias, que até veio morar comigo um tempo.
Não posso deixar de citar o amigo de infância, que desde criança já demonstrava que seria um grande profissional, elaborando seu vocabulário “minuciosamente” desde a 6ª série na hora de fazer colocações pertinentes e deixar os professores constrangidos diante da intelectualidade precoce.
Escrevi que eram poucos, mas na verdade são muitos. E eles se multiplicam a cada lembrança, cada reencontro, cada vitória.
A amizade merece e deve ser cuidada. Mas se for cair em um clichê e comparar a amizade a uma flor, não pensaria em rosas ou orquídeas. Ousaria dizer que somos flores de plástico. E como diz a canção “as flores de plástico não morrem”.

2 comentários:

Rutinha Albuquerque disse...

Adorei seu texto "flores de plático".Realmente uma amizade verdadeira não tem preço, e eu sou muito feliz em ser amiga de seus amigos. Como sempre digo; "A amizade é um amor que nunca morre".
Pobre daqueles que não sabem fazer amigos!

Rutinha Albuquerque disse...

O título do texto é:"Flores de PLÁSTICO".
Excuse-moi...Bisous