terça-feira, 8 de junho de 2010

Peixe Vivo...


Há quase um ano ganhei da vida um animal. Não sei como categorizá-lo. Se de estimação ou selvagem. O fato é que é um peixe. Glub. Glub. Mas não peixe de aquário, desses que ornamentam aquários coloridos.
Um peixe de Rio. Com experiência em alto mar e que já se aventurou pelas profundezas do oceano. Confesso que não era muito íntima do mundo marinho. Mas o danado do peixe com suas guelras perfeitas me domesticou.
Meu peixe vivo, não consegue viver muito tempo fora da água fria, e eu sem exagero nenhum sofro muito sem a sua companhia. Rima boba, podem pensar, mas eu e Juscelino Kubistchek partilhamos do encantamento pela simplicidade.
Ultimamente meu peixe tem nadado para além dos limites do meu mar. E não duvido que ele encontre piranhas no Rio, vacas-marinhas e até sereias em certas ocasiões. Minha esperança é que ele não se encante pelo canto das tais sereias e muito menos deixe que alguma piranha o abocanhe.
Sou ciumenta triplamente qualificada. Eu planejo o ciúme, executo e ainda o faço com requintes de crueldade. Às vezes ainda tento ocultá-lo, o que configura outro crime.
Sinto ciúme da independência do meu peixe. De sua capacidade de levar suas nadadeiras para longe de mim e sempre dormir de olhos abertos. Em tempo, eu não adquiri este peixe através de uma pescaria. Duvido que ele seja do tipo que se deixe seduzir por algum tipo de isca, ou caia em alguma rede por aí. O pequeno é muito esperto, altamente evoluído para sua espécie. Digno de estudo na NASA. Ou em casa. De preferência na minha.
Infelizmente não posso exigir que meu peixe nade perto de mim. Ele nada, nada, nada. Eu rio. Ele Rio. Também não quero colocá-lo em um aquário, por maior e mais belo que seja. Ele morreria afogado em meio à angústia. Tenho um peixe iconoclasta. Um peixe altruísta. Sua existência úmida encharca minha vida, e às vezes meus olhos de lágrimas. Porém nunca vou querer vê-lo longe do mar. Ele não sobreviveria.

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