segunda-feira, 7 de junho de 2010

Perdigagem Sadia.


Carpinejei durante toda a noite de sexta-feira. Lançamento do novo livro do Fabrício Carpinejar “Mulher Perdigueira”. As crônicas mais sadias. Sinceramente há tempos não sentia uma alegria infantil tão sincera. Daquelas que apareciam no Natal quando eu desembrulhava o presente e enxergava a Barbie esperada o ano todo.
Por mais que eu tentasse controlar meu sorriso, a boca não obedecia. Os dentes ganharam vida própria e queriam se exibir a todo custo. Não me vi no espelho, mas tenho certeza que os olhos brilhavam como estrelas cadentes.
Encontrar com alguém que admiramos tão profundamente é deliciosamente assustador. Sim, porque antes de tudo sofre-se com a crise do “será que é mesmo tudo aquilo que imagino?”. Existe a possibilidade da desconstrução da idealização. Foram meses em que estive entusiasmada por aqueles textos. Nos momentos difíceis, como num dia da Bienal do Livro no Rio de Janeiro ano passado, um poema dele foi declamado. Nas minhas noites de angústia, li e reli as crônicas preferidas. Apresentei-o as amigas. Defendi sua excentricidade. Não julguei seu perfil exageradamente performático.
Condenar exagero? Longe de mim. A amante de Cazuza que nasceu cinco dias depois do Rock in Rio em 1985, em que o Barão Vermelho levou o público de metaleiros ao delírio. Exagero é sempre bem-vindo por aqui.
Mas entrar calmamente na fila, e esperar que todo mundo fosse embora foi um comportamento atípico. É claro que a máquina fotográfica deu pau bem na hora do click, e tivemos que refazer as poses e o sorriso que não cessava ganhou ares de constrangimento.
Não queria trocar palavras. Nada de papo. As palavras que me interessam estão impressas nos livros que tanto amo, e cuido com egoísmo de filha única.
Foi uma noite mágica. Nada de anormal. Nada de fogos de artifício, taças de champagne Crystal, It Girls desfilando bolsas Marc Jacobs. Nada do que um dia já me chamou atenção.
Tudo o que hoje realmente importa para mim. Poesia na dedicatória. Um bom café para esquentar a noite e a alma. Pessoas simpáticas conversando amenidades, mas não banalidades (e quanta diferença existe aí, meu povo!). Exatamente como eu não seria capaz de planejar e nem sonhar. Cada dia que passa, estou mais convencida de que a realidade é mais irreal das ficções.



2 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei comovido. Não é como ser discreto diante de tua amizade. beijo Carpinejar

Anônimo disse...

Fiquei comovido. Não há como ser discreto diante de tua amizade. beijo Carpinejar