domingo, 13 de junho de 2010

Pós-Dia dos namorados


Passei o dia dos namorados lamentando o que não tive. Lamentando a ausência do meu companheiro, reclamando da falta de programação na minha vida e chorando sobre o leite derramado.
Um dia depois, com uma bela noite de sono no meio, os pensamentos começam a clarear.
Carlos Drummond de Andrade escreveu um dos textos mais belos que conheço sobre namorados. Recorro a alguns dos meus trechos favoritos para explicitar um pouco dos meus sentimentos.
“Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.” Nesse quesito tenho um namorado maravilhoso. Ele sabe quando estou com “cara de palavra”, quando quero dizer algo e sempre mata minha sede com a saliva. Eu chorona como sou, não consigo represar as lágrimas e ele me compreende e assiste com paciência a queda das cataras do Iguaçu. Me ensinou a respirar a brisa do mar e é pura filosofia. Nesse sentido, eu tenho namorado.
“Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.” Partindo das idéias do cara de Itabira... eu tenho o melhor dos namorados do mundo.
Ele é perfeito. Não mora ao lado. Mas mora dentro do meu coração.
Tem gente que deixa a chama do amor diminuir com o passar do tempo. Nada de anormal, se acomoda com o cotidiano, acha que “a parada está ganha”. Eu não. Todos os dias acordo mais apaixonada. Quero fazer meu amor mais feliz, quero ouvir suas risadas mais gostosas. Quero que ele seja feliz, realizado, mesmo que isso não implique na minha presença.
Não sou altruísta, esse papel é dele. Sou apenas uma Rapunzel completamente apaixonada...

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