quarta-feira, 1 de agosto de 2012

"Blog de uma paixão"



Hoje eu completo três anos com o meu peixe! Posso dizer que é uma vitória chegar até aqui. Quase todo esse tempo foi de relacionamento à distância e nós dois fomos muito guerreiros pra aguentar.

É muita loucura namorar alguém que vive longe. Três mil quilômetros, como era o meu caso. Namoro à distância é sinônimo de sofrimento. De tortura. O casal passa por muitas provações. Sem falar que se gasta a maior grana em passagem aérea e ligações interurbanas...

Eu sinceramente não recomendo. Paradoxalmente, pra mim valeu sim à pena investir nesse amor. Afinal, estamos juntos. Não me arrependo. Mas houve muito sofrimento. Não vou ser hipócrita aqui e dizer pra vocês que é uma boa pedida. Se você ainda não estiver apaixonada... pule fora! Se já estiver, aí então minha amiga, abraça o bofe e se joga!

Outro dia uma leitora me falou que gostava mais dos meus “posts” quando eu estava sofrendo. Que eu escrevia com mais entrega... Que ela até já tinha chorado lendo algum texto meu! Adorei ter esse feedback, porém vou me esforçar para escrever melhor sem a parte do coração partido. Prometo tentar ser mais visceral! Vou expor meu fígado, meu estômago, meus rins... mas deixa o pobre do coração descansar um pouquinho, né! Ele merece depois de tanta judiação.

Essa mesma leitora querida disse também que gosta quando eu cito algum livro. Pois então, não quero ninguém torcendo o nariz, mas vou falar sobre um do Nicholas Sparks.

Nicholas Sparks sim! Deixem o preconceito de lado! O cara vende milhões, tem que ter alguma coisa boa no que ele escreve!

Bem, eu já li alguns livros dele (“Diário de uma paixão”, “Querido John” e “A última música”) e o último foi “O casamento”. Tudo bem, os diálogos não são requintados, a tradução deixa a desejar e o vocabulário é meio pobre, mas a história em si é boa.

Um casal que vai comemorar 30 anos juntos enfrenta uma crise. O marido percebe que foi insensível  e omisso muitas vezes e a mulher questiona se não se anulou durante tanto tempo. O legal é que a personagem principal é filha dos protagonistas de “Diário de uma paixão”. Tenho certeza que vocês que não leram o livro, devem pelo menos ter visto o filme! É muito lindo. Chorei demais vendo. Só pra ver se essa memória aí pega no tranco, é aquele filme que a velhinha tem Alzheimer, lembraram? Pois é!!! Acho demais reencontrar um personagem que eu gosto. Cria um clima de intimidade. Nesse caso é o “Noah” que volta como coadjuvante e ajuda a filha nessa crise. O “Noah” tem todos os pré-requisitos pra isso, já que viveu um belo romance.  

Fora a questão “mulherzinha” e “água com açúcar” que eu super me identifico, o que me agradou é que me fez pensar no futuro. Não quero chegar como essa mulher depois de décadas e me perguntar se fiz a escolha certa. Tenho avaliado dia após dia minha nova vida e tento ficar lúcida para enxergar o que me é oferecido. De bom e de ruim. Assim eu valorizo cada vez mais os momentos felizes!

Eu sou muito “frufru” né? É, eu sei. Mas para as “frufrus” iguais a mim, vale à pena ler “Diário de uma paixão” e depois “O casamento”. E para vocês, que não assumem a “frufruzice”, mas chegam na Cairu e pedem “Floresta negra” ou “Uxi”, não pensem que vocês me enganam! Se for da Kibon corresponde ao “Napolitano”! Vale ressaltar que é pra quem só come a parte de morango! :P

PS: Tô lendo dois livros agora, "Celular" que é sobre zumbi e "Gabriela" do Jorge Amado. Na próxima postagem eu conto!






quinta-feira, 12 de julho de 2012

FLIP Fashion Week


Gente, não é só minha franja que é desleixada. Eu assumo que ando muito negligente com o blog.

Tenho algumas novidades! No último final de semana realizei um sonho pessoal bem antigo. Fui para Paraty no litoral sul do Rio de Janeiro para a Festa Literária Internacional (FLIP).

Logo de cara perguntei pro meu “namorido” se era uma espécie de Fashion Week dos escritores e ele gostou tanto da definição que usou e abusou dessa expressão nas palestras e entrevistas. Tudo bem, né. Ele pode!

A cidade é um encanto! Cheiro de maresia, histórica, chão de pedras... o ruim é que não pode usar salto e às vezes você anda igual ao Dr.House, num caminhar “tá fundo, tá raso”, entendem? Pois é, nós passamos apenas o sábado lá, mas deu pra saciar a vontade de respirar aquela atmosfera.
Uma galera bonita nas ruas, muita gente jovem, inúmeros pinguços (senti muito cheiro de cachaça), e centenas de escritores batendo perna pra lá e pra cá.

Engraçado porque antes de conhecer meu namorido eu sinceramente não achava que escritor tinha “cara”. É, não me importava muito em conhecer mais sobre o autor do livro que eu estava lendo, um puro ato de egoísmo já que essa relação leitor-escritor é uma verdadeira troca de favores. Eles nos fazem viajar e nós os prestigiamos lendo suas obras e os incentivando a continuar a escrever.

Lá em Paraty é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que você fica alucinado pra tentar acompanhar. Eu só assisti um debate da FLIP e pelo telão porque a tenda principal já estava lotada (um público de 3 mil pessoas!). Era o debate com uma escritora cubana chamada Zoé Valdés que tem pouco mais de 50 anos e 24 livros publicados.

Para os escritores que não são chamados para falarem na FLIP, existe a OFF FLIP. É um evento bem menor, rola em bares, mas o clima é bem intimista. Foi na OFF FLIP que meu namorido falou.

Esse ano a revista Granta, uma revista britânica altamente respeitada no mundo literário fez um concurso e elegeu os 20 melhores escritores brasileiros com até 40 anos. Galera, isso foi o bafafá da FLIP.

Só pra esclarecer, meu namorido nem se inscreveu (ele vai me matar) porque além de não concordar com essa pretensão da Granta ele tem mais de 40 anos. :O

Dos 20 autores que foram digamos que “condecorados” com essa honraria da Granta eu até hoje só conheço o trabalho de uma escritora.  Há dois anos li o livro “Flores Azuis” da Carola Saavedra. Gostei, mas não acho que seja o suprassumo da literatura e eu não daria de presente, por exemplo.

Meus comentários aqui são puramente como leitora e eu não puxo a sardinha pro meu peixe não. O último livro dele eu não gosto. É “O verso do cartão de embarque”. Já “O marido perfeito mora ao lado” e “Fábrica de Diplomas” eu indico para todos que gostam de ler e até pra quem não gosta, mas quer aprender a gostar!

NA FLIP eu comprei “Sagrada Família” do Zuenir Ventura que eu AMO como se fosse meu avô e “Ai meu Deus, ai meu Jesus” do Carpinejar que eu AMO como se fosse meu psiquiatra. Comecei a ler o Carpinejar e esse livro merece um post só dele, porque o cara é muito foda. Voltou com força total!

Enfim, A FLIP foi linda, saber que tanta gente gosta, quer e luta pela literatura é uma grande felicidade para uma filha de bibliotecária, esposa de escritor e repórter de TV que quer aprender cada vez mais.

Eu posso estar com cólica, ter sido demitida, levar um pé na bunda, perder uma liquidação, chorar a morte de um ente querido. Mas quando começo a ler me sinto flutuar e vivo a vida daquele personagem. E quem não gosta de deixar a vida um pouco de lado e se transportar pra outro mundo, hein? É isso que a leitura faz comigo. Eu sou abduzida. Um exílio espontâneo.

Abaixo alguns livros que citei:

“Sagrada Família” do Zuenir Ventura – Editora Alfaguara

“Ai meu Deus, ai meu Jesus” Crônicas de amor e sexo do Fabrício Carpinejar – Editora Bertrand Brasil

“O Verso do Cartão de embarque” do Felipe Pena- Editora Record

“O marido perfeito mora ao lado”, Felipe Pena – Editora Record

“Fábrica de Diplomas”, Felipe Pena – Editora Record

Revista Granta, V.9 – “Os melhores jovens escritores brasileiros” – Editora Alfaguara

“Todo cotidiano” da Zoé Valdés – Editora Benvirá


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Rio +20. Quem foi convidado?


No próximo mês o mundo deve voltar os olhos para a cidade maravilhosa. De 13 a 22 de junho o Rio de Janeiro vai receber líderes mundiais dispostos a discutir o futuro do planeta. É a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) Rio +20 que vai tratar de assuntos diretamente ligados ao desenvolvimento sustentável.

Desde moleca eu ouço falar de sustentabilidade. No começo era uma palavra meio difícil de falar, mas que se escrita nas provas de Ciências era certeira como garantia de um “pontinho a mais” na nota final.

Apesar de ter me formado com um trabalho de conclusão de curso que abordou um estudo de caso dentro do jornalismo ambiental não tenho nenhuma presunção de discorrer sobre o assunto. Tentar empregar definições para sustentabilidade, aquele papo de “preservar o planeta para as gerações futuras”, enfim, não é bem a minha praia. Não que eu não me esforce para ser ecologicamente correta. Acho bacana quem recicla o lixo, não desperdiça água, usa “eco-bags” pra mostrar como é “cool.”.

Pois é, estando no Rio de Janeiro por esses tempos, não tem como passar incólume diante do burburinho que este acontecimento vem causando na cidade, principalmente na mídia.

A ideia da realização dessa Conferência no Brasil foi do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em 2007, fez a proposta para a ONU. O evento recebeu o nome de Rio+20 porque a reunião acontecerá no Rio de Janeiro, exatamente 20 anos depois de outra conferência internacional que tinha objetivos muito semelhantes: a Eco92 também promovida pela ONU, na capital fluminense, para debater meios possíveis de desenvolvimento sem desrespeitar o meio ambiente.

Andei pesquisando na internet sobre como seria a participação da sociedade civil nisso tudo. Descobri que o Rio de Janeiro sediará, também, a Cúpula dos Povos: um evento que contará com debates, palestras e uma porção de outras atividades, sobre os mesmos temas da Conferência da ONU, mas que serão promovidos por grupos da sociedade civil - como ONGs e empresas. Deve ter muito mais coisa, mas reforço que minha intenção não é ser “eco-chata.”.

Apostaria todos os longos fios da minha cabeça que a palavra “Amazônia” será dita por milhares de bocas. Com todos os sotaques possíveis e inimagináveis. Entre todas as classes sociais. Todas as raças de todas as crenças. E todas as orientações sexuais.

Eu sempre achei a Amazônia uma puta. É a puta mais cobiçada do planeta. Não deixa de ser puta, já que dá pra uma galera. Ela proporciona orgasmos múltiplos aos exploradores que desmatam, queimam, levam nossa biodiversidade e aplicam em pesquisas estrangeiras.

Aqui com meus botões de caroço de açaí, fiquei me perguntando quem das nossas bandas foi convidado pra essa festa?

Hoje no noticiário local assisti as imagens de alguns índios que chegaram para a conferência. Confesso que senti certo orgulho ao ver aqueles olhos rasgados e cabelos lisos aparecendo na tevê. Minha ascendência em solo carioca. Mas porra. O take que eu vi estragou a emoção. O índio com umas penas tímidas usadas como pulseira e um tênis da NIKE?

Juro que não queria um índio com lança, cocar, atando rede na orla de Copacabana. Mas o tênis da NIKE foi foda.

Então, voltei a me perguntar quem foi convidado pra esse evento tão espetaculoso? Além dos chefes de estado, da galera do Green Peace que deve dar as caras, não sei quem vai chegar da Amazônia para nos representar. Por isso, resolvi escrever uma lista de sugestões para quem for responsável pelo R.S.V.P.

O que acham de chamar a Iara? Ela também atende por Uiara ou Ipupiara; é um dos seres mitológicos mais populares da Amazônia. Seu poder de sedução é tão forte sobre os homens quanto o do boto sobre as mulheres. Por isso, às vezes é chamada de boto-fêmea. A Iara é descrita como uma mulher muito bonita e de canto maravilhoso que aparece banhando-se nas águas dos rios, ou sobre as pedras nas enseadas. Acho que ela ia “se fazer” aqui no Rio de Janeiro. Eu sei que a Iara têm grandes chances de desconcentrar os participantes, mas é a hora de impressionar, não é?

Num evento desse porte deve ter lugar reservado para idosos. A Matinta Perera ia gostar do Rio! E diante de algum país mais intransigente poderíamos apelar para o respeito aos mais velhos! Se a matinta é um pássaro ou uma velha ninguém sabe explicar ao certo. O que se sabe é que quando a Matinta Perera assobia, o caboclo respeita e se aquieta. Poderia ser uma aliada! Dizem que de noite, quando ela sai para cumprir seu fado, a Matinta sobrevoa a casa daqueles que zombam dela ou que a trataram mal durante o dia, assombrando os moradores da casa e assustando criações de galinhas, porcos, cavalos ou cachorros. Já pensaram na Matinta sobrevoando o Rio de Janeiro depois de um pulo lá da Pedra da Gávea? Asa-delta é para os fracos. Matinta Rio+20 já!

OK. Nós da Amazônia sabemos que há boatos que a Matinta tem sérios problemas tabagistas. Mas as discussões em torno do meio ambiente poderiam ajudar a velha a se livrar do maldito vício!

Para não ficar com uma lista exclusivamente feminina apostaria na vinda da cobra Norato. Ou Honorato, para ser mais cordial no convite. Norato é um dos filhos rejeitados da índia que engravidou da Boiúna, a cobra-grande mais famosa dos rios da Amazônia. A índia estava tomando banho de rio e acabou “bolinada” pela Boiúna e ficou buchuda. Ser mãe solteira deve ser bem difícil. Mas foi “nada a ver” o que essa índia fez. Jogar os filhos no rio, tentar matar as crianças. Deu no que deu. Viraram cobra-grande também e Norato é a “cobra-macho” de quem mais se ouve falar.

Sugeri estes três personagens das lendas da Amazônia porque eles não precisariam fazer reservas de hotel, que já devem estar sem vagas e poderiam improvisar aqui pelo Rio de Janeiro. Porém, acho que está muito em cima da hora e nenhuma das nossas entidades será convidada.

Uma pena. Talvez com um pouco mais de sabedoria popular e menos ciência de gringo, os caras que vão discutir sobre o futuro da nossa terra poderiam ter mais chances de acertar.

Tomara que dê tudo certo. Tomara que encontrem explicação pra esse clima doido, que muda toda a hora. Tomara que a safada da Amazônia pare de se oferecer. Tomara que nenhum visitante leve um tiro que veio de algum morro ainda não pacificado. Tomara meu Deus. Tomara.








terça-feira, 22 de maio de 2012

Gentchy! Olha eu aqui outra vez!!! Nada melhor do que atualizar o blog com novidades!
Muita gente anda especulando sobre o meu sumiço das telas paraenses. Já soube que alguns ouviram boatos que fui demitida. Outros que ganhei na mega-sena (quem dera, hein!) e por isso “dei um perdido na galera”. A maioria sabe que estou morando no Rio de Janeiro porque viu comentários no meu facebook. Mas desde quando? E porque essa mudança?
Calma. Muita calma. Faz comigo: owmmmmmmm. Não foi uma decisão repentina. Eu e meu analista sabíamos que isso poderia acontecer cedo ou tarde. Eu NÃO fui demitida. Pedi pra sair da TV Liberal, empresa em que trabalhei como repórter nos últimos 3 anos e aprendi muito sobre a vida. A minha vida. A vida dos outros. O “viver coletivamente”. Foram anos lindos em que sorri muito mais do que chorei. Ouvi palavrões que nem a minha falecida avó poderia imaginar que existem. Entrevistei desde traficantes até chefes-de estado. (Hum.Hum.) Senti o frio na espinha que só uma “entrada ao vivo” provoca e o gostinho repetitivo de sempre parecer que era a primeira vez.
Pois é, deixei o microfone de lado por uns tempos. O mundo na TV é viciante. Você entra e não quer mais sair. E se deixarem, você não sai e acaba esquecendo que existe vida (inteligente) fora daquela tela plana. Eu vim pro Rio de Janeiro, mas não foi por causa de uma proposta da Globo ( e de nenhuma outra emissora concorrente).
Eu recebi sim uma proposta. Que veio em uma noite despretensiosa via SMS no celular. Depois de quase três anos de relacionamento, meu namorado resolveu que deveríamos tentar ficar juntos. Era uma ideia que ambos vínhamos amadurecendo há pelo menos seis meses, mas que muitas vezes foi descartada por causa dos inúmeros percalços da vida.
Pra quem não sabe, meu namorado é jornalista, escritor, professor universitário etc e tal... e é muito diferente do que ele escreve. Não viagem! Ele não é o Antônio Pastoriza. (Mas o livro é muito bom! Podem comprar!!!)
 E aqui estamos:  dois despreparados no quesito “casamento” nos esforçando diariamente pra fazer essa decisão valer à pena.
Posso ouvir daqui os gritos e sussurros do povo mais feminista:
- Como ela largou TUDO por um cara? – pode dizer alguma amiga.
- Esse é gostosão hein. A mulher deixou o emprego na Globo por causa dele!- deve estar conjecturando alguma leitora.
Mais uma vez, repita comigo: “Owmmmmmmm.”   Eu NÃO deixei TUDO. Eu tinha um emprego muito bom, mas que alguma hora eu iria ter que largar. Sou uma inquieta por natureza. Minha família não está aqui AGORA. Porém, nesse campo sou mais sortuda que o famoso “Dudu da loteca”, o que eles querem é me ver feliz. Enfim, foi uma escolha. E escolhas vocês sabem como é... sempre pedem uma renúncia em troca.
Vou esclarecer mais uma coisa: eu não virei madame. Meu namorado não é rico, e ainda que fosse não é do tipo que manda flores e dá diamantes de presente. Pois é, só que isso eu já sabia desde o início, e nunca foi problema.
Eu estou sim, morando no Rio de Janeiro, mas não fui nenhuma vez à praia. Não encontrei artista na rua e nenhuma liquidação de tirar o fôlego (:( Grrrrr!)
Meus dias têm sido para me acostumar a dividir a cama com alguém. Alguém insone, que me empurra porque “diz” que eu ronco. O “sonho de princesa” que algumas pessoas acham que estou vivendo tem mais a ver com a primeira parte da Gata Borralheira. Estou lavando louça como nunca lavei em casa ( desculpa mãe!), meu namorado agora conhece todas as minhas calcinhas, e o pior de tudo: ainda não tenho um cabeleireiro de confiança, uma manicure pra fofocar, uma massagista pra desabafar... minha vitória hoje foi conseguir tomar banho sem adquirir queimaduras de 2º grau ou congelar meu nariz. (Yeahhh).
Todos os dias um de nós dois pelo menos pensa em desistir. Eu com medo de não dar conta do tranco. Ele com medo de sei lá o que (homem de 41 anos NÃO deveria ter medo!).
Mas as inseguranças, as neuras, a angústia... tudo passa. Ela volta de novo, mas nós guerreiros como sempre fomos, tratamos de expulsá-la.
E é isso que eu tenho feito. Nada de conto de fadas. Nada de filme pornô. Nada de ANORMAL. Lutando dia após dia por momentos felizes.
Torçam por mim! E aos invejosos de plantão (sempre há, infelizmente) pensem que estou sem fazer escova há mais de duas semanas!

domingo, 11 de março de 2012

Filhos e lírios



“Porque só valem as experiências que fazemos com a própria carne.” A frase é do clássico “Olhai os lírios do campo” do escritor Erico Veríssimo.
Com uma narrativa simples e humana o autor nos leva a refletir sobre quais os valores que priorizamos na vida. Há até uma metáfora sobre a famosa fábula de La Fonatine. Olívia, uma das
personagens principais do livro sugere que cigarras e formigas poderiam viver em harmonia, sem aquele sentimento de culpa, que depois culmina em arrependimento; “a moral egoísta tanto da cigarra, quanto da formiga.”ela diz.
Uma que passa o verão a cantar divertindo-se ao máximo e sem se preocupar com o inverno que já está próximo e a outra que se esqueceu de aproveitar o sol, os dias alegres e pôs-se a trabalhar
incessantemente.
É isso. Faltou equilíbrio. É o que tenho visto acontecendo nos relacionamentos amorosos atualmente. Não adianta você querer uma pessoa que não consegue estar na sua sintonia.
Hoje ouvi de uma pessoa próxima a seguinte frase “cuidado, não vai assustar o cara.” Tudo porque manifestei publicamente a latente vontade que tenho de ser mãe desde que eu tenho uns... 3 anos? É, porque me lembro de brincar com aquelas bonecas estilo “nana nenem” desde essa idade. Carregar no colo, empurrar no carrinho, dar mamadeira. Mesmo sem entender, aquela brincadeira era o exercício lúdico da maternidade.
Não estou aqui para defender que todas as mulheres nasceram para serem reprodutoras. Tenho amigas que nem pensam no assunto. Priorizam a carreira, querem viajar pelo mundo e com um “bacuri” a tira colo, realmente ficaria mais difícil. Não as condeno. Não as julgo.
Mas eu sonho em um dia ver meu corpo mudar. Sentir a barriga crescer, tentar adivinhar o sexo do bebê. Escolher os nomes. Vomitar. Comer sem culpa. E tudo mais que eu, que ainda não passei por essa experiência, não tenho a menor ideia.
Se o homem que estiver comigo não compartilha dessa vontade, ele não está comigo.
Por isso, acho errada essa história de “esconder”, “camuflar”, “pressionar”. A vida é uma só e não há espaço para eufemismos quando o assunto é ser quem você é.
Mais do que estar perto de uma pessoa que têm planos para o futuro, eu quero planos para o presente. Se isso é pressionar, pra mim é deixar de viver “experiências com a própria carne.”.
Obviamente, você não deve pretender ter um filho com alguém que não te ame, que você saiba que será um bom marido e bom pai. Até porque, falei em marido, pois a ideia de produção independente ainda está fora de cogitação para mim. Perdi meu pai cedo, e sei o quanto a presença masculina faz falta.
Enfim, se algum homem ler este post o que eu tentei dizer é que a maioria de nós mulheres quer sim casar, ser mãe, ser bem sucedida, comprar sapatos e bolsas e “aquela” lingerie que deixa vocês loucos. Não se assustem! Aproveitem!
Para as mulheres, a mensagem é que vocês não devem esconder seus sonhos. Não finjam ser
“desencanadas”, se vocês não são de verdade.
Repito: “Porque só valem as experiências que fazemos com a própria carne.” E baladas, sexo,
dinheiro, fama, tudo passa. Contemplar os lírios do campo ao lado de quem se ama não é ler e nem escrever poesia. É simplesmente, existir.

*Plagiando um escritor que conheço, dedico essa crônica para meus filhos, quando os tiver.

sábado, 3 de março de 2012

Desabafo de repórter



Essa última semana de trabalho foi complicada. Todo jornalista quer noticiar o que chamamos de “factual”. Algo que acontece inesperadamente e que vai ter um impacto para a sociedade, chamar
atenção do leitor, telespectador ou ouvinte. Entendam, não queremos mostrar “desgraça”. Eu pelo menos, não quero. Mas tenho obrigação de deixar as pessoas cientes sobre os fatos. Incêndios, crimes, acidentes... Estes três eu diria que encabeçam a lista de factuais. Se eu esquecer algo, relevem. O blog é uma espécie de catarse escrita. O meu divã. Vocês são meus psicanalistas. Pelo menos neste espaço, não tenho a pretensão de ser muito formal.
O meu domingo começou com um factual dos brabos. Tive que cobrir o velório e o enterro de três pessoas que morreram em acidentes aéreos. A repórter Karla esteve lá sabendo da profissão e da função de cada um. A pessoa Karla, imaginava a dor da mãe, dos filhos, dos amigos.
De alguma forma sempre que vou noticiar que alguém morreu decorrente de acidentes, lembro-me da morte do meu pai. Só pra esclarecer, ele foi um privilegiado. Morreu em casa, no sofá. Vendo novela. Foram cinco minutos de um infarto fulminante. Eu havia falado com ele cinco minutos antes. Cinco minutos depois ele começava a ficar sem cor. Eu já não sentia mais sua respiração. Que sensação de impotência! Que arrependimento pelo o que eu poderia ter dito, do abraço que deveria ter sido mais demorado. Parecia que eu enxergava a alma dele me dando tchau e saindo pela janela. Essa experiência acabou me fazendo mais forte diante de tanta tragédia que presencio no meu trabalho. É mais ou menos assim: “eu já me aproximei do que vocês estão sentindo.” Saber, ninguém sabe. A dor é pessoal e intransferível. É a impressão digital de cada um.
Todo mundo vibra por uma sexta-feira. Ontem eu também acordei com a sensação de “Sexta-feira Uhuu!”. A primeira pauta foi checar um acidente na Almirante Barroso. "Menina de 18 anos
morre atropelada por ônibus na faixa de pedestres."
É hora de ouvir as testemunhas. Correr atrás dos fatos. Cerrar os olhos para não ver o cadáver. Mas sempre escapa algum vestígio e acabo cruzando o olhar com a “notícia” do dia.
É claro, quando acontece esse tipo de coisa com alguém tão jovem, as reações são mais chocantes. O desespero é mais pulsante. Não cabe a mim questionar ou apontar culpados e inocentes. Apenas relatar os fatos e ouvir as pessoas. Depois de uma semana cheia de acidentes, tragédias, notícias ruins enfim, me alimento do ceticismo que protege os repórteres de reações extemporâneas.
Tento dormir sem lembrar os inúmeros semblantes de dor. É a profissão que escolhi e isso não é uma reclamação. Apenas a catarse. Eu precisava desabafar.
Há meses não sonho com meu pai.
Mas todas as vezes que penso na alma dele saindo pela janela, minhas pernas ainda ficam fracas. Naquele dia, eu não tinha um microfone para me proteger.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"Síndrome da parada ganha"



Acordei com espírito Tati Bernardi. Ela que é roteirista, publicitária, blogueira e verborrágica escreve muita coisa que me identifico. Que minha prima se identifica. Que as minhas amigas se identificam e as amigas das amigas também.
Senso comum? Bola de cristal? Talvez. Mas acho que tem mais a ver com a carência que nós mulheres sentimos vez por outra ou quase sempre.
Mesmo quando você tem um relacionamento duradouro, às vezes o seu parceiro esquece que é preciso se reinventar no dia-a-dia. Depois de meses ou anos de convívio, rola certa acomodação. E não falo da cueca suja atrás da porta ou da toalha molhada em cima da cama. OK. Esses dois itens são bem incômodos, mas fáceis de resolver.
O problema é quando ele não repara mais na sua mega produção. Não pergunta como foi o trabalho e se pergunta, não espera para escutar a resposta.
Eu chamo isso de “síndrome da parada ganha”. O rapaz acha que já conquistou você. Não tem como você ser mais apaixonada por ele. Foi. Já era. Você só tem olhos pra ele. Respira o cara. E é tudo verdade.
Mas introduzindo nossa amiga Tati Bernardi na conversa, chega um ponto que esse amor mal correspondido começa a “comprimir o estômago e borrar a maquiagem.”
Os mais velhos te dirão que é normal o relacionamento “esfriar” com o tempo. Cadê a porra de um isqueiro, fósforo, gasolina, brinquedos eróticos que esquentam pra não deixar o namoro ou casamento cair na estatística?
“Cadê o cara que abria a porta do carro, que elogiava o vestido, que recitava poesia no ouvido, que me olhava com fome e enfiava a língua na minha garganta?”(do livro O MARIDO PERFEITO MORA AO LADO)
A poesia pra mim é algo vital. Como respirar e comer. Mas as elipses e as metáforas eu deixo para os livros. Na vida real o que vale é a mão que te puxa para o abraço. É a boca que fala e te arrepia. É a conchinha no final do dia, quando me sinto uma verdadeira pérola.
Não adianta achar que porque a mulher te ama você não precisa mais se esforçar. É hora de manter tudo isso vivo.
A sua companheira que veste o espartilho, que te apóia nas decisões mais bizarras, que muda a saia que você não gostou, sem, no entanto, mudar a personalidade.
Chegou a hora de lembrar o aniversário de namoro, de mostrar que você se importa, de animar esse tom de voz cansado da rotina, justamente para fugir dela.
E você interpreta tudo isso como cobrança? Não. Deixe as armas de lado. Abaixe a guarda uma vez. É só um conselho. Ela te ama do fio de cabelo que aos poucos fica branco, até a unha encravada do pé.
Mas a parada não está ganha. Continuo apostando no empate. Ah, e é claro que nós mulheres, estamos longe da perfeição. Diz aí Tati Bernardi:
“Sabe aquele mulher super equilibrada?Que nunca te cobra nada?Super segura, nada ciumenta e calma?Ela tem outro.”